As raposas são mamíferos pertencentes ao gênero Vulpes, da família Canidae — a mesma dos cães, lobos e coiotes. Embora possam ser classificadas como qualquer um dos vários membros da família canina com pelo longo, orelhas pontudas e focinho estreito, existem apenas 12 espécies originárias do gênero Vulpes, consideradas “raposas verdadeiras”.
Dentre esses animais, os mais conhecidos e mencionados na comunidade científica incluem a vermelha, a comum e a cinza. Porém, várias outras diferentes espécies de raposas pertencem a outros gêneros além do Vulpes, incluindo a cinzenta norte-americana, cinco espécies de sul-americanas e a raposa-do-ártico (Vulpes lagopus).
Esses animais se alimentam de uma grande variedade de plantas e animais, e estão relativamente acostumados a viver em proximidade aos seres humanos.
A raposa-vermelha (Vulpes vulpes), por exemplo, é uma espécie encontrada em diferentes partes e habitats do hemisfério norte, incluindo florestas, pradarias, montanhas e desertos. Ela também se adapta bem a ambientes humanos, como fazendas, áreas urbanas e suburbanas. Devido a essa característica, ao longo do tempo, cientistas vêm notando que as raposas podem estar passando por um processo de auto-domesticação.
Mas o que levou a esse processo? Entenda isso e outras características desses animais.
A maioria das espécies da família Canidae são aproximadamente do mesmo tamanho que cães de médio porte, atingindo até 86 centímetros de altura. Elas são relativamente leves, pesando de 680 gramas até 11 quilos, dependendo da espécie.
Como já mencionado, o animal é encontrado em diversos tipos de habitats. Porém, ocupa, principalmente, áreas florestais. Eles fazem suas casas cavando tocas no chão — que fornecem uma área fresca para dormir, um bom local para armazenar alimentos e um lugar seguro para ter seus filhotes.
As raposas são animais onívoros que se alimentam de outras espécies de animais, incluindo lagartos, ratazanas, ratos, camundongos, coelhos e lebres. E, também, completam sua dieta com pássaros, frutas e insetos.
São animais noturnos, mais ativos durante a tarde e a noite, mas que também podem ser vistos ocasionalmente durante o dia.
Embora varie ligeiramente entre raposa-vermelha e cinza, a reprodução geralmente ocorre entre janeiro e março e a gestação dura entre 50 e 63 dias, dando à luz ninhadas que variam de três a seis filhotes em média na primavera do hemisfério norte.
A raposa é caçada por esporte, atividade originada na Inglaterra e normalizada durante o século XV. Segundo o dicionário Britannica, no seu início, a caça do animal era provavelmente um complemento à caça de veados e lebres, com os mesmos cães usados para perseguir cada presa.
No entanto, essa atividade continua em alguns países, que caçam a aprisionam esses animais para obter seus pelos. De acordo com a Humane Society, todos os anos, dezenas de milhões de animais, incluindo raposas, são criados e mortos para abastecer a indústria da moda.
“Animais criados por suas peles, como raposas, coelhos, cães-guaxinins e visons, são confinados em pequenas gaiolas de arame estéreis por toda a vida. Incapazes de expressar seus comportamentos naturais básicos, como cavar, vagar por grandes territórios e, para visons semiaquáticos, nadar e mergulhar, esses animais naturalmente ativos e curiosos demonstraram exibir o comportamento estereotipado de sofrimento mental, como andar e circular repetidamente dentro de suas gaiolas. Esses espaços confinados também podem resultar em animais se auto-mutilando e brigando com seus companheiros de gaiola”, explica a organização.
Além disso, as raposas também sofreram, ao longo do tempo, com a perda de seus habitats naturais. Devido à urbanização, áreas florestais foram dizimadas e transformadas em espaços humanos, o que acabou contribuindo para mudanças comportamentais desses animais.
Em 1960, um experimento russo foi responsável por domesticar raposas selvagens criando apenas as menos agressivas geração após geração. Isso resultou em criaturas com focinhos curtos, orelhas caídas e que até latiam depois de um certo tempo — o que inspirou o nome do livro que retrata o acontecimento: How to Tame a Fox (and Build a Dog).
Entretanto, em 2020, cientistas observaram que esse processo de domesticação pode estar acontecendo naturalmente entre as raposas do Reino Unido. Segundo especialistas, quando os animais saíram da floresta para os habitats urbanos, eles começaram a desenvolver características semelhantes às dos cães, o que pode colocá-los no caminho da domesticação.
O estudo liderado pelo biólogo evolucionista da Universidade de Glasgow, Kevin Parsons, foi responsável pela análise da coleção de crânios de raposa do Museu Nacional da Escócia. Nele, Parsons fotografou 57 crânios femininos e 54 masculinos e identificou que o habitat de uma raposa afeta muito o formato de seu crânio.
Foi revelado que raposas urbanas, como aquelas no experimento russo, tinham focinhos visivelmente mais curtos e largos, e cérebros menores, do que seus companheiros rurais. E machos e fêmeas tinham formatos de crânio muito semelhantes. Todas essas mudanças são típicas do que Charles Darwin rotulou de “síndrome da domesticação”.
Em geral, os crânios das raposas urbanas pareciam ser projetados para uma mordida mais forte do que os das raposas rurais, que são moldadas para velocidade. Uma hipótese levantada pelos pesquisadores é de que, na cidade, uma raposa é mais propensa a se alimentar dos restos de alimentos dos humanos, onde ela pode encontrar mais ossos que só podem ser esmagados com mandíbulas mais fortes.
Parsons afirma que, embora suas descobertas, as raposas-vermelhas ainda não estão domesticadas. Porém, o estudo mostra como a exposição à atividade humana pode levar um animal a seguir esse caminho.
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