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Ferramentas de monitoramento de cadeias de fornecimento estão mudando a cara do mercado global de commodities. Pressionados pela urgente necessidade de reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa e pela acelerada perda de biodiversidade no planeta, cada vez mais os setores financeiro e empresarial recorrem a elas para avaliar o impacto de suas cadeias de valor. Estas ferramentas permitem uma melhor seleção dos atores com os quais estes setores têm relacionamentos comerciais ou financeiros, assim como maior assertividade na demanda por alinhamento às suas políticas socioambientais e aos compromissos globais dos quais são signatários.

“Cada vez mais, o mercado internacional de commodities vem se transformando em um grande Big Brother. Ainda que alguns países, como o Brasil, venham enfrentando dificuldades no avanço da transparência, sofisticados sistemas de monitoramento já são facilmente acessíveis a importadores, sistema financeiro e governos em todo o mundo”, explica Frederico Machado, do WWF-Brasil. E complementa informando que “questões ambientais, sociais e de governança, reunidas na sigla ASG, são progressivamente mais sensíveis ao setor financeiro –não só pela demanda de clientes, mas também porque implicam em riscos de reputação, de retorno de investimentos e de desalinhamento com compromissos ora assumidos. Há um grande movimento em curso deste setor e, por isso, ferramentas de monitoramento e os relatórios decorrentes são pontos de atenção para financiadores e para a sociedade civil”.

Um recente exemplo é o relatório do WWF, elaborado com base em dados da ferramenta Trase, abertos a qualquer cidadão do mundo. Ele mostra que o consumo da União Europeia é responsável por 16% do desmatamento tropical vinculado ao comércio internacional. “A Trase pode destacar conexões estreitas entre as importações de commodities como soja, carne bovina e óleo de palma, e o risco de desmatamento em biomas ao redor do mundo, o que por sua vez pode promover uma ação direcionada da União Europeia para reduzir seu impacto sobre a biodiversidade e sobre a emissão de gases causadores do efeito estufa”, informa Michael Lathuillière, líder da equipe de mapeamento da cadeia de suprimentos da Trase e pesquisador sênior do Stockholm Environment Institute.

De acordo com esse relatório, a União Europeia é um dos maiores importadores mundiais de produtos que provocam desmatamento em regiões tropicais, com elevados níveis de emissões associadas – como é o caso do Brasil, onde o maior fator de emissões vem sendo a destruição de ecossistemas naturais. Como neste momento a Comissão Europeia desenvolve uma nova legislação para o bloco lidar com o desmatamento associado a commodities importadas, a rastreabilidade e o monitormamento assumem importância política ainda mais elevada. Para Anke Schulmeister-Oldenhove, Oficial Sênior de Política Florestal do Escritório de Política Europeia do WWF e uma das autoras do relatório, “neste momento, a União Europeia é parte do problema, mas com a legislação certa poderíamos ser parte da solução”.

O relatório “Stepping up: O Impacto Contínuo do Consumo da UE na Natureza” (em tradução livre) fornece uma visão reveladora do comércio do bloco europeu. Em 2017, por exemplo, ele foi responsável por 16% do desmatamento associado ao comércio internacional, totalizando 203 mil hectares e 116 milhões de toneladas de CO₂. A UE foi superada pela China (24%), mas encontra-se à frente da Índia (9%), dos Estados Unidos (7%) e do Japão (5%).

Para o Brasil, um ponto de atenção deste relatório é que a análise mostra que entre 2005-2017 as commodities importadas pela União Europeia com o maior desmatamento tropical incorporado foram soja e carne bovina, seguidas por produtos de madeira, cacau e café -commodities que figuram no topo da lista de commodities exportadas por nosso país. O relatório também inclui o óleo de palma, grande vetor de desmatamento no sudeste asiático. No caso da soja e da carne, o relatório estabelece evidências entre o consumo da UE e a destruição s do Cerrado e da Amazônia no Brasil, além do bioma Chaco na Argentina e Paraguai.


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