Pesquisadores da Fundação Apopo, da Tanzânia, estão treinando ratos para reconhecer produtos animais traficados ilegalmente. As descobertas foram publicadas no jornal Frontiers in Conservation Science nessa semana.
Segundo dados da Interpol, o mercado para produtos ilegais de vida selvagem vale até US$ 20 bilhões anualmente. Além disso, traficantes de vida selvagem constantemente disfarçam o contrabando, possibilitando a deslocação de produtos através de barreiras internacionais e dificultando a sua identificação.
De acordo com o Smithsonian, os traficantes já foram responsáveis por pintar presas de marfim de preto ou cobri-las com chocolate, esconder escamas de pangolim em caixas de castanhas de caju ou criar recipientes com paredes falsas e compartimentos ocultos.
Pensando nisso, os pesquisadores da Apopo treinaram oito ratos da espécie Cricetomys ansorgei para farejar escamas de pangolim, chifres de rinoceronte, presas de elefante e madeira — comuns tipos de contrabando ilegal da vida selvagem.
Eles foram treinados para reconhecer o contrabando mesmo quando ele estava escondido entre itens normalmente usados para esconder mercadorias traficadas, incluindo amendoins, folhas, perucas e sabão em pó.
Durante os testes, os animais foram inicialmente recompensados com um pedaço de comida se segurassem o nariz durante três segundos sobre uma amostra de escama de pangolim, madeira, chifre de rinoceronte ou marfim de elefante.
Nas simulações, eles vestiam coletes vermelhos presos a coleiras, com um tipo de pager preso na frente para que pudessem usar as patas dianteiras para alertar seus tratadores quando encontrassem contrabando – pelo qual recebiam outra recompensa em comida.
Os ratos conseguiram detectar perfeitamente o pangolim, a madeira e o chifre de rinoceronte após oito meses sem cheirá-los, de acordo com o estudo da Apopo. Os pesquisadores acreditam que isso significa que os ratos conseguem se lembrar dos cheiros por tanto tempo quanto os cães farejadores.
Depois que os ratos dominaram essas habilidades em testes laboratoriais, os pesquisadores os levaram ao mundo real para um teste. No ano passado, eles seguiram para o porto marítimo de Dar es Salaam, na Tanzânia, um importante centro de comércio internacional.
Foi observado que os roedores encontraram com sucesso mais de 83% dos alvos plantados – mesmo quando os contrabandos estavam mascarados por outros aromas.
Em geral, os ratos provavelmente não substituirão os cães farejadores – mas, em vez disso, podem eventualmente ser usados para complementar o trabalho dos animais, uma vez que são menores e mais ágeis que os cães, o que lhes dá uma vantagem na hora de explorar pequenos recantos e compartimentos.
“Você pode imaginar cães detectores examinando vastas áreas abertas ou rastreando caçadores furtivos enquanto ratos examinam o conteúdo de contêineres ou pacotes específicos”, disse a coautora do estudo, Kate Webb.
Além disso, os ratos também são mais baratos de transportar e manter do que os cachorros, o que seria um enorme benefício no combate contra o tráfico de produtos de vida selvagem provenientes de países mais pobres.
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