Reações de suor e urina com química usada para tratar água de piscina pode ser motivo de problemas respiratórios em nadadores profissionais

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Urina, suor e loções reagem com os químicos da piscina tratada, podendo criar subprodutos de desinfecção, mas ainda não foi comprovado se esses subprodutos são realmente prejudiciais ao corpo humano

Estudos revelam uma ligação entre nadadores profissionais e doenças respiratórias. Profissionais, como atletas olímpicos, chegam a nadar até dez mil metros por dia. Isso quer dizer que eles passam muito tempo expostos aos químicos usados na piscina e que também marcam presença no ar do ambiente de treino.

Para que a água das piscinas seja seguras para natação, é necessária a aplicação de vários químicos. Uma piscina com água não tratada pode acumular bactérias como Escherichia coli e Salmonella, além de protozoários, como Cryptosporodium parvum e Giardia Lamblia. Ou seja, os desinfetantes químicos são importantes para matar os agentes patogênicos, mas eles não ficam simplesmente flutuando pela água, eles também reagem com o material orgânico da água – sujeiras, urina, suor e até cremes para pele – formando os chamados subprodutos de desinfecção (SPDS).

Qualquer um que esteja no ambiente da piscina estará exposto a esses SPDS, tanto dentro da água quanto pelo ar ao redor. Em relação à água para ser consumida, essas substâncias podem facilmente ser consideradas tóxicas, mas quando se trata de água para mergulho, esse limite não é tão evidente. A única coisa que está clara é que nadadores profissionais e pessoas que trabalham ao redor de piscinas são mais vulneráveis.

As técnicas mais comuns usadas para desinfectar piscinas utilizam cloro e com radiação ultravioleta; também é possível usar outros desinfetantes que contêm bromo e ozônio. Eles matam as bactérias, reagindo com elas e “quebrando” as biomoléculas que os organismos precisam para sobreviver. Os desinfetantes podem ser usados sozinhos ou combinados entre si.

SPDS

Como os SPDS são formados? Alguns já vêm na água que é usada para encher as piscinas, mas a maioria se forma por conta das pessoas que entram na água. Alguns dos vetores de SPDS estão na pele: cabelo, células, sujeiras ou resíduos de produtos cosméticos. Outros estão no suor, mas o maior vetor de todos é a urina.

Pesquisadores estimam que cada piscina contenha entre 30 ml e 80 ml de urina de cada pessoa que a utilizou. Muito disso pode acontecer acidentalmente sem a pessoa perceber. No entanto, para nadadores profissionais, urinar na piscina é comum, afinal os treinos podem durar horas e os nadadores bebem água nos intervalos – raramente saem da piscina nesse tempo. Não é tão difícil entender o porquê de ser uma prática aceitável nesse meio.

Essa urina contém ureia, que reage com o cloro da piscina, formando um SPDS chamado tricloreto. Essa substância ajuda a deixar piscinas com um odor específico que tem sido associado ao sintoma de doenças respiratórias.

Três categorias

Maarten Keuten, engenheira especializada em piscinas na Universidade Técnica de Delft, divide o vetores humanos de SPDS em três categorias. “A primeira categoria é de sujeiras superficiais que são rapidamente soltas quando as pessoas pulam na piscina. Elas são liberadas em questão de um minuto”, comenta Keuten. Se considerarmos que todo o cloro é usado nos SPDS, pode-se afirmar que 30% é consumido por essa categoria durante o processo de desinfecção.

A outra categoria é suor. A quantidade de suor que cada pessoa produz depende tanto da temperatura da água quanto da quantidade de atividade praticada. Segundo um estudo feito pela própria Maarten Keuten, na água gelada as pessoas não suam pois a água impede a temperatura do seu corpo de subir. Já em piscinas com temperatura acima de 27ºC a temperatura do corpo inevitavelmente aumenta e produz suor.

A terceira e última categoria é urina, que é um assunto complicado, pois as pessoas ficam desconfiadas em muitas vezes mentem quando perguntadas sobre isso. Keuten estima que a urina é responsável por 30% dos SPDS formados nas piscinas. Quando se trata de nadadores não profissionais essa taxa pode aumentar para 45%, isso porque eles não suam tanto então a ureia é liberada em maior porcentagem pela urina.

Especialistas chegaram à conclusão que a melhor forma de reduzir os SPDS das piscinas para torná-las ambientes mais seguros é mudando a cultura atual e nadadores profissionais devem tomar a frente dessa causa, pois além de serem influentes, também são os mais afetados por essa poluição. É necessário que as pessoas sejam mais conscientes em relação à sua higiene, criem hábitos como banhar-se antes de entrar na piscina, não urinar na água, etc, para que essa atividade tão prazerosa e saudável se torne ainda mais segura.



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