As várias camadas de materiais tornam a reciclagem de colchão um processo difícil e custoso
No Brasil, a reciclagem de colchão não é viável. De modo geral, o objeto é composto por diversas camadas de materiais que podem ser nocivos à saúde, como espuma de poliuretano, retardante de chamadas, colas, adesivos e sprays bactericidas. Por isso, a reciclagem de colchão é um processo difícil e custoso.
Em outros países, já existem empresas e medidas tomadas por governos que viabilizam a reciclagem de colchão. Ohio, nos Estados Unidos, e Vancouver, no Canadá, são exemplos de cidades onde é possível fazer a reciclagem de colchões. Alguns componentes do colchão, como a madeira, as molas, o algodão e até mesmo a espuma, podem ser reciclados.
O tempo de vida de um colchão pode chegar a 11 anos. Apesar disso, muitos colchões são descartados todos os dias, ocupando muito espaço nos aterros e lixões e permanecendo por dezenas ou centenas de anos até ser degradado pela ação dos micro-organismos e do tempo. Por isso, é importante fazer o descarte adequado do produto.
Colchão
O processo de fabricação de um colchão inicia-se na escolha da parte central; em seguida, vem o preenchimento com espumas e, por fim, a capa de cobertura para acabamento do colchão.
Nos colchões de mola, os metais são colocados na parte central e depois preenchidos com espumas. Os materiais das molas não são tóxicos para a saúde e podem ser reciclados. O impacto ambiental provocado pela utilização de molas está no processo de mineração.
O primeiro passo para escolher o colchão ideal é estabelecer a densidade que você procura. As lojas de colchão costumam ter tabelas com as opções indicadas à sua altura e peso. É importante notar que quanto mais denso, mais duro ele será. Escolher um colchão mais mole ou mais rígido é uma decisão particular. No entanto, especialistas sugerem evitar extremos: o ideal é optar por um colchão não muito duro, nem muito mole, para evitar o desalinhamento do tronco em relação ao pescoço.
O prazo de validade de um colchão é de cerca de dez anos. Para mantê-lo em bom estado de conservação, uma dica é girá-lo a cada trinta dias, invertendo a área da cabeça e do pé. Outra sugestão é expor o colchão ao Sol pelo menos uma vez por mês, para evitar a proliferação de ácaros e, consequentemente, o surgimento de problemas respiratórios.
Materiais de colchão que apresentam impactos negativos à saúde
Os colchões de adultos, crianças e de bebês são constituídos por várias camadas de diferentes materiais, que podem ser naturais ou não. Grande parte dos colchões comercializados possui componentes nocivos à saúde humana.
Um dos principais materiais de composição de um colchão é o poliuretano, um polímero que permite a fabricação de diversos tipos de produtos. O poliuretano é uma espuma plástica derivada do petróleo e que está entre as mais vendidas no mundo, por ser barata e leve. O colchão de viscoelástico, por exemplo, que ficou conhecido como “colchão da NASA”, é feito com uma espuma viscoelástica de poliuretano, que tem a propriedade de se adaptar à forma do corpo com o tempo.
Na fabricação do poliuretano são utilizados compostos nocivos à saúde. O diisocianato de tolueno está presente em quase todos os poliuretanos do mercado. Esse tolueno, em temperatura ambiente, é constantemente liberado pela espuma e por meio do ar ou contato com a pele. Ele é considerado extremamente tóxico, podendo causar asma, desmaio e acúmulo de líquido no pulmão em virtude do odor desagradável e dos gases liberados.
Composto cancerígeno
Além disso, o poliuretano pode provocar dor de cabeça, tosse, irritação nos olhos e sensação de embriaguez. Seu maior problema, no entanto, é que ele pode aumentar as chances de câncer, sendo classificado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) como possível carcinogênico para humanos. A espuma de poliuretano utilizada no colchão também provoca impactos negativos no ambiente, porque, além de conter substâncias tóxicas, como o tolueno, é um material de difícil reciclagem e seu tempo de decomposição pode levar centenas de anos.
Outra espuma para colchão derivada do poliuretano é aquela que contém uma pequena porcentagem de óleos vegetais (soja ou mamona), conhecida como espuma a base de soja ou espuma feita a partir de vegetais. Esse tipo causa menor impacto negativo ao ambiente, como a redução do uso de petróleo, porém pode provocar os mesmos efeitos negativos na saúde porque ainda é feita de poliuretano.
O látex sintético é feito a partir de compostos do petróleo e pode ser misturado com látex natural para formar uma mistura. Nesse processo de fabricação do látex sintético, são adicionados compostos orgânicos voláteis (VOCs), que poluem o ar de residências e possuem odor característico: estireno e butadieno. O estireno causa irritação nos olhos, problemas gastrointestinais e aumenta o risco de câncer. O butadieno é classificado pela IARC como carcinogênico (comprovadamente cancerígeno), além de produzir os mesmos efeitos que o estireno.
Retardantes de chamas
Para escolher o colchão ideal, também é importante ficar de olho nos retardantes de chama. Os retardantes de chamas são compostos que possuem a capacidade de reduzir a inflamabilidade de um determinado material que normalmente é altamente inflamável, como os plásticos. Apesar de essas substâncias serem utilizadas como medidas de segurança, elas são nocivas à saúde e uma defesa perigosa contra o fogo.
O documentário Toxic Hot Seat revela que a fumaça emitida pela combustão desses retardantes contém substâncias cancerígenas, que teriam sido responsáveis por elevar a taxa de câncer de mama em mulheres entre 40 e 50 anos integrantes do corpo de bombeiros de São Francisco, nos Estados Unidos, tornando esse índice seis vezes maior que a média nacional.
Os PBDEs (éteres de difenilas polibromadas) são os principais químicos tóxicos utilizados como retardantes de chamas em colchões, por serem os mais baratos. No entanto, eles provocam contaminação e estão associados a diversos problemas de saúde, como doenças do coração, rins, pulmões, câncer, disfunções hormonais e problemas reprodutivos.
Para prevenir o risco de incêndio, lembre-se de não fumar próximo ao colchão, não deixar velas acesas ao dormir, não deixar crianças brincarem na cama com isqueiros e acendedores de cozinha e apagar velas ao sair do quarto.
Descarte de colchão
Quando ficam velhos, os colchões não podem ser descartados em locais inadequados. Isso porque, quando a espuma e o tecido entram em contato com superfícies molhadas, se tornam uma região propícia para a proliferação de bactérias.
Além disso, os colchões podem obstruir vias públicas e entupir ralos, podendo ocasionar acidentes. Para que nenhum desses problemas aconteça, você pode procurar por ecopontos no local em que você vive na barra de busca do Portal eCycle. Na capital do Estado de São Paulo, por exemplo, a própria prefeitura disponibiliza uma lista de localidades que recebem esse tipo de material. Em São Paulo, você pode ligar para o número 156 e agendar um dia para um carro da prefeitura retirar o colchão na calçada, no serviço chamado Cata Bagulho.
Após serem descartados, as opções de destinação dos colchões são, caso estejam em boas condições de uso, doação para instituições de caridade ou para fabricantes, ou transformação em enchimento de almofadas.