Efeitos do contato humano com produtos que contêm metais raros ainda é desconhecido, mas preocupa pesquisadores
Imagem de Nareeta Martin em Unsplash
Uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Plymouth e da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, revelou que alguns dos metais mais raros do planeta estão sendo cada vez mais encontrados em plásticos de consumo diário. Os testes incluíram uma grande variedade de produtos novos e usados, incluindo brinquedos infantis, equipamentos de escritório e recipientes de cosméticos. O estudo, publicado no periódico científico Science of the Total Environment, é pioneiro no tema.
Com uma série de avaliações detalhadas, os pesquisadores examinaram os níveis de elementos de terras raras (REEs), bromo e antimônio presentes nos objetos reciclados. Os metais de terras raras são componentes críticos de diversos produtos de alta tecnologia – como televisores de última geração e smartphones – e ecológicos, como automóveis híbridos, turbinas eólicas e telas LED. Já o bromo e o antimônio são utilizados como retardantes de chama em equipamentos elétricos.
Os resultados revelaram que um ou mais REEs foram encontrados em 24 dos 31 produtos testados – incluindo itens para os quais a reciclagem não regulamentada é proibida, como embalagens de alimentos de uso único. Os metais raros foram mais comumente observados em amostras que continham bromo e antimônio em níveis insuficientes para efetuar o retardamento de chama, mas também foram identificados em plásticos nos quais tais produtos químicos não estavam presentes.
Como os metais raros foram encontrados também em plásticos marinhos encalhados, os pesquisadores acreditam que há evidências de que os REEs sejam contaminantes onipresentes e penetrantes de plásticos de consumo e ambientais contemporâneos e históricos. Embora eles tenham sido identificados anteriormente em vários ambientes, como lençóis freáticos, solos e atmosfera, o estudo demonstra uma ampla contaminação de metais raros no universo dos plásticos, que não parece estar relacionada a uma única fonte ou atividade.
Segundo Dr. Andrew Turner, Professor Associado de Ciências Ambientais da Universidade de Plymouth e principal autor do estudo, os elementos de terras raras têm uma variedade de aplicações críticas em equipamentos eletrônicos modernos por causa de suas propriedades magnéticas, fosforescentes e eletroquímicas. No entanto, eles não são deliberadamente adicionados ao plástico para servir a qualquer função, de modo que sua presença se deve, provavelmente, ao resultado de contaminação acidental durante a separação mecânica e o processamento de componentes recuperáveis.
Os impactos à saúde decorrentes da exposição crônica a pequenas quantidades desses metais são desconhecidos. Níveis maiores deles foram encontrados em alimentos, na água da torneira e em certos medicamentos, o que significa que os plásticos reciclados provavelmente não representarão um vetor significativo de exposição para a população em geral. O problema é que eles podem representar a presença de outros aditivos e resíduos químicos, mais amplamente conhecidos e mais bem estudados, que têm sido motivo de preocupação.
A pesquisa é o trabalho mais recente do Dr. Turner, que se dedica a examinar a presença de substâncias tóxicas em produtos de consumo diário, lixo marinho e no meio ambiente de modo geral. Em maio de 2018, ele mostrou que produtos químicos perigosos, como bromo, antimônio e chumbo, estão atingindo alimentos e outros produtos de uso diário, porque os fabricantes estão usando equipamentos elétricos reciclados como fonte de plástico preto.
Fontes: Science of the Total Environment e Phys.org