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O solo é um recurso essencial para a vida humana, mas sua qualidade está comprometida. Saiba quais métodos podem ser aplicados para recuperar solos degradados

A recuperação do solo corresponde a um conjunto de métodos e práticas que podem ser aplicadas de maneira isolada ou conjuntamente para mitigar ou reverter a degradação provocada por ações humanas, como a urbanização, a agropecuária intensiva e as atividades industriais. Solos que sofreram com a poluição química, a compactação, a erosão ou a salinização podem ter suas propriedades regeneradas por técnicas de recuperação. Essa prática ajuda a manter sua integridade para a atividade agrícola e a sustentabilidade dos sistemas naturais. Os procedimentos adotados para a recuperação do solo devem levar em consideração o tipo de solo, a natureza e o grau da degradação, assim como possíveis usos futuros para a área após a regeneração.

Na agropecuária, os métodos mais utilizados são a rotação de culturas, a recuperação de pastagens degradadas, o manejo integrado de pragas, a restauração de nitrogênio no solo pela introdução de leguminosas e o reflorestamento. No que se refere à poluição do solo por contaminantes da indústria ou lixões, a recuperação deve seguir uma série de protocolos de identificação, reabilitação e cadastro para o gerenciamento das áreas contaminadas.

Imagem por mounsey em Pixabay.

Qual a importância da recuperação do solo?

O solo é um dos recursos naturais finitos mais afetados pela atividade humana desde a Revolução Neolítica. Entretanto, a prosperidade das economias contemporâneas se deu em virtude do amplo leque de serviços ecossistêmicos de provisão (a produção de alimentos, por exemplo) e regulação dos fluxos de energia e matéria exercidos pelo solo. Desse modo, a conservação e a recuperação desse recurso devem ser tratadas como questões de interesse global.

Estudos demonstram que as mudanças de uso e cobertura do solo pela exploração de áreas para agropecuária já provocaram a perda de mais de 30% das áreas de vegetação nativa no Brasil. Com a ascensão das tecnologias de agricultura intensiva, o empobrecimento do solo se tornou um problema ainda mais recorrente e preocupante. 

Além disso, a contaminação dos solos por efluentes industriais e chorume proveniente dos lixões ameaça a qualidade do recurso e a saúde humana. Isso porque os contaminantes podem se infiltrar no solo e atingir recursos hídricos subterrâneos que abastecem residências com água para o consumo humano.

Portanto, é necessário que todos os setores da sociedade desenvolvam e implementem medidas de recuperação de solos degradados. Abaixo seguem algumas das principais práticas para a conservação e recuperação de solos na agricultura e para o gerenciamento de áreas contaminadas.

Rotação de culturas

A rotação de culturas é uma técnica que, ao mesmo tempo, previne a degradação dos solos e recupera a sua fertilidade na agricultura. Em oposição à monocultura, essa prática combina espécies que apresentam diferentes sistemas radiculares e exigências nutricionais, promovendo o equilíbrio da relação entre carbono e nitrogênio no solo e a sua constante aeração.

A rotação de culturas pode ser aplicada para recuperar solos compactados, por exemplo. A aeração pela diversificação dos sistemas radiculares permite a reabertura de espaços vazios no solo, diminuindo a sua densidade e facilitando a infiltração de águas pluviais. Isso evita a criação de zonas baixas em oxigênio (anóxicas), onde prosperam microrganismos anaeróbios produtores de óxido nitroso (N2O), um dos mais importantes gases do efeito estufa.

Entretanto, para resultados efetivos é necessário reduzir o uso de maquinário pesado nas etapas da produção agrícola e o pisoteio por animais em pastagens. Saiba mais sobre esse tema em nossa matéria sobre compactação do solo.

Rotação de culturas. Imagem por Center for Bayanihan Economics disponível em Flickr.

Plantio de leguminosas

As leguminosas são espécies importantes para a recuperação de nutrientes no solo, e podem ser integradas à rotação de culturas. Sua especificidade é a promoção de altos níveis de fixação biológica de nitrogênio em razão de uma associação simbiótica com bactérias do gênero Rhizobium. Desse modo, contribuem também para a incorporação de nitrogênio no solo, um dos nutrientes primários para o crescimento e desenvolvimento das plantas.

Plantio de feijão como medida de recuperação do solo. Imagem disponível em VisualHunt.

Recuperação de pastagens

As técnicas para recuperação de pastagens envolvem a restauração da cobertura vegetal do solo pela manutenção das espécies forrageiras ou pela introdução de espécies arbóreas. 

As leguminosas, como comentado anteriormente, são uma categoria importante para a recuperação de nutrientes no solo, e podem ser incorporadas aos pastos pela integração lavoura-pecuária, por exemplo. Existem evidências de que a alternância entre pastagens e lavouras é eficiente para o sequestro de carbono da atmosfera, aumenta a disponibilidade de nutrientes no solo e a biodiversidade de agroecossistemas.

Por outro lado, a introdução de espécies arbóreas pelo reflorestamento normalmente implica a não utilização da área para atividades agropecuárias. O principal objetivo do reflorestamento é diminuir o risco de erosão em solos desnudos ou com baixa densidade de vegetação. Devem ser priorizadas espécies nativas ao ecossistema, e que possam ser integradas de maneira sustentável ao mercado pelo extrativismo de produtos florestais não madeireiros, por exemplo.

Reflorestamento. Imagem por Indonesia-Australia Forest Carbon Partnership IAFCP disponível em Flickr.

Gerenciamento de áreas contaminadas

Uma área contaminada pode ser definida como um terreno, local, instalação ou edificação que apresente concentrações de substâncias químicas em níveis capazes de causar danos à saúde humana, ao meio ambiente ou a outro bem a ser protegido. Essa conceituação está disposta no texto da lei estadual de proteção à qualidade do solo e gerenciamento de áreas contaminadas (Lei 13.577/2009), que embasou o Projeto de Lei Federal 2732/11.

A gestão e recuperação de áreas contaminadas segue diretrizes que visam a proteção da qualidade dos solos e dos recursos hídricos subterrâneos e a prevenção de contaminações por atividades antrópicas. A legislação estabelece ainda os procedimentos para a identificação, remediação e reutilização de áreas contaminadas. Tudo isso em um panorama de participação social e garantia da saúde e bem estar da população afetada pela contaminação do solo.

Na etapa de identificação, o primeiro passo é a definição da área de interesse e seus respectivos bens a serem protegidos, como áreas de recarga de aquíferos e poços de captação de água para o consumo humano. Em seguida, devem ser reconhecidas as fontes de contaminação efetivas e potenciais, assim como as substâncias químicas associadas às fontes. 

É importante ter o conhecimento sobre a geologia e a pedologia da subsuperfície. O intuito é determinar prováveis meios de propagação da pluma de contaminação — propagação de contaminantes dissolvidos na água subterrânea — e os seus receptores. Essas informações serão analisadas juntamente com o histórico de uso e ocupação do solo na região. Trata-se de uma etapa de diagnóstico para compreender os riscos, otimizar a confirmação da contaminação e verificar a necessidade da implementação de respostas emergenciais.

A confirmação da contaminação é realizada pela coleta de amostras do solo e da água subterrânea da região e subsequente análise em laboratório. Em caso positivo, será iniciada uma etapa de investigação detalhada sobre a contaminação do solo e sobre os meios afetados, seguida de uma avaliação de risco que determinará a necessidade e as técnicas de remediação em função dos usos atuais ou propostos para a área.

A elaboração do plano de remediação deve levar em conta os custos de implantação, manutenção e encerramento do processo, o tempo necessário para o cumprimento das metas e as características do contaminante. Em vista disso, cada processo de recuperação de áreas contaminadas emprega técnicas de remediação específicas, que devem ser compatíveis entre si e definidas a partir de uma série de estudos complementares à avaliação.

A dessorção térmica é  um dos processos mais eficientes para a descontaminação de solos afetados por derramamentos de petróleo. Trata-se da escavação e aquecimento do solo a altas temperaturas, levando à vaporização e eliminação dos contaminantes de petróleo. Em seguida, o solo é devolvido para o local de origem. 

Esse método é particularmente importante para a regeneração da microbiota nos solos contaminados. Um estudo publicado pela Sociedade Americana de Agronomia revelou que a recuperação biológica do solo em campo pela dessorção térmica agiliza a sua reutilização para a atividade agrícola.

Unidade de dessorção térmica. Imagem por MidwestSoilRemediation disponível em Flickr.

É indispensável o monitoramento da área contaminada durante o processo de remediação para observar o cumprimento dos seus objetivos e dimensionar o comportamento da pluma de contaminantes no solo.

Fontes: Embrapa (1)(2)(3); Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo; Revista Agriculture; Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT; Agronomy Journal.


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