Dados do sistema DETER, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta sexta-feira (10), apontam que em agosto deste ano 918 km² da Amazônia estão com alertas de desmatamento. Apesar da queda em comparação com 2020, 32% menor, os alertas estão 42.7% maiores do que em agosto de 2018. Já no Cerrado, o aumento no mês de agosto foi de 132% para o desmatamento e 48,1% de queimadas, passando de 15.000 focos desde 2014.
De janeiro a agosto de 2021 os alertas de desmatamento somam 6026 km², praticamente igual ao mesmo período em 2020, onde os alertas somaram 6099 km². Este é o terceiro ano seguido em que o período, de janeiro a agosto, fica acima de 6.000 km2, algo que só ocorreu durante o governo Bolsonaro. O que vemos é o aumento assustador das queimadas, que é a outra face da mesma moeda do desmatamento.
“Apesar dos dados divulgados hoje serem menores do que o mesmo mês de 2020, não podemos comemorar, pois é notório que não representa de fato uma queda, é apenas um declínio do padrão de destruição que se estabeleceu nos últimos anos, o “padrão Bolsonaro”. Não podemos normalizar a degradação da Amazônia e nos contentar com baixas tão irrisórias”, comenta Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace.
Queda no desmatamento na Amazônia, mas aumento exorbitante no Cerrado, toda essa destruição nos dois biomas, segundo cientistas, podem estar sendo um dos fatores que estão causando o déficit hídrico, recorde neste ano. O reflexo disso é o que temos visto nos últimos meses: aumento na conta de energia, dos alimentos e risco de apagão.
Desde que assumiu a presidência, Bolsonaro e sua equipe, se ativeram em ‘passar a boiada’, como afirmou o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Esses números são reflexos não só da política antiambiental do governo Bolsonaro, mas também de seus aliados no Congresso Nacional, que tentam aprovar projetos de leis que ameaçam as florestas e seus povos, como os PL 2633, PL 490 e outros. São estes projetos que estimulam e intensificam a corrida de madeireiros, grileiros, fazendeiros e garimpeiros pela ocupação da Amazônia.
Por conta disso, o cenário não é de celebração, tendo em vista os retrocessos aprovados na atual gestão, que agiu sistematicamente no desmonte e na redução drástica dos orçamentos e da autonomia do Ibama e ICMBio, órgãos responsáveis pela fiscalização, monitoramento, controle ambiental e pela aplicação de multas por crimes ambientais.
“Nesta gestão ainda não existe estratégia capaz de conter os altos níveis de destruição. O fortalecimento dos órgãos ambientais, a criação de unidades de conservação e terras indígenas, o combate à grilagem deveriam ser prioridades. Mas ao invés disso, temos acompanhado as ações dos poderes executivo e legislativo no caminho contrário, estimulando a destruição ambiental ao invés de punir e coibir o crime”, completa Rômulo.
Criado em 2004, o Deter tem com o objetivo, gerar informações em tempo real para subsidiar o trabalho de fiscalização e operações de combate ao desmatamento da Amazônia, permitindo que os órgãos de fiscalização e controle planejem com mais precisão suas atividades para coibir o desmatamento e as queimadas. Em 2015 entrou no ar o Deter-B, capaz de fornecer informações mais rápidas, precisas e com uma resolução espacial mais acurada.
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