Redução no consumo de carne e viagens aéreas são medidas propostas pelo Reino Unido para alcançar emissões zero até 2050

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O Reino Unido enfrenta um desafio ambicioso: reduzir suas emissões de gases de efeito estufa a zero até 2050. Para atingir essa meta, o Comitê de Mudanças Climáticas (CCC) do país propôs mudanças significativas no estilo de vida da população, incluindo a redução do consumo de carne e a diminuição de viagens aéreas. Essas medidas, embora desafiadoras, são consideradas essenciais para garantir um futuro mais sustentável.

O relatório do CCC, divulgado recentemente, sugere que os britânicos precisam diminuir o consumo de carne em 25% até 2040. Isso equivale a abrir mão de dois pratos principais de carne por semana, como um bife de 170 gramas ou um café da manhã tradicional com bacon e salsichas. Além disso, o documento recomenda que os agricultores recebam apoio para diversificar suas atividades, reduzindo a dependência da pecuária. A expectativa é que o número de bovinos e ovinos diminua em 27% nas próximas duas décadas.

No setor de transportes, as mudanças também são profundas. O relatório prevê que três quartos dos carros e vans e quase dois terços dos veículos pesados serão elétricos até 2040. Atualmente, apenas 2,8% dos carros e 1,4% das vans no Reino Unido são movidos a eletricidade. A transição será impulsionada pela queda nos custos das baterias e pela expansão da infraestrutura de recarga.

As viagens aéreas, no entanto, representam um desafio à parte. O CCC alerta que os preços das passagens podem aumentar significativamente se as companhias aéreas repassarem aos consumidores os custos de reduzir as emissões. Uma viagem de ida e volta de Londres para a Espanha, por exemplo, pode ficar até £ 150 mais cara até 2050. A proposta é que mudanças nos preços moderem a demanda por voos, incentivando alternativas menos poluentes.

A energia renovável também ocupa um lugar central no plano do CCC. A capacidade eólica offshore deve crescer seis vezes até 2040, passando de 15 GW para 88 GW. Já a energia eólica terrestre deve dobrar, atingindo 32 GW. Essa expansão será facilitada por investimentos na rede de transmissão, garantindo que a eletricidade gerada chegue aos consumidores de forma eficiente.

No setor residencial, a eletrificação do aquecimento será fundamental. Até 2040, metade das casas no Reino Unido deve ser aquecida por bombas de calor, em comparação com apenas 1% atualmente. Essa mudança, aliada à adoção de veículos elétricos e energias renováveis, exigirá taxas de implementação semelhantes às alcançadas em outras tecnologias, como telefones celulares e conexões de internet.

O governo britânico e o parlamento agora têm a tarefa de avaliar as recomendações do CCC antes de definir um orçamento de carbono juridicamente vinculativo. O custo estimado para alcançar a meta de emissões zero é de aproximadamente 0,2% do PIB do país anualmente. Embora o caminho seja desafiador, o relatório enfatiza que a transição é possível, desde que as ações sejam implementadas com urgência e determinação.

A mensagem é clara: o futuro do Reino Unido depende de escolhas difíceis hoje. Reduzir o consumo de carne, optar por transportes mais sustentáveis e investir em energias renováveis são passos necessários para garantir um planeta mais saudável para as próximas gerações.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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