Reflexão global sobre fim de combustíveis fósseis marca Dia das Finanças na COP27

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Por Nações Unidas News | Esta quarta-feira, a 27ª. Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP27, no Egito, enfatizou o Dia de Finanças.

O primeiro período temático teve uma manifestação pública da sociedade civil exigindo um esforço global para que centenas de bilhões de dólares agora investidos em combustíveis fósseis sejam redirecionados, por ano, a iniciativas comunitárias de energia renovável.

© ONU/Laura Quinones A chamada Zona Azul, principal área do centro de conferências em Sharm el-Sheik, foi ocupada por mais de 50 ativistas.

Moçambique e reservas de gás

A chamada Zona Azul, principal área do centro de conferências em Sharm el-Sheik, foi ocupada por mais de 50 ativistas. De várias idades e origens, eles gritavam slogan “Parem de financiar combustíveis fósseis, parem de financiar a morte”.

A ONU News conversou com Susan Huang, representante da ONG Oil Change Internacional. Ela testemunhou a cúpula do grupo das sete principais economias do mundo, G7, que no ano passado terminou em acordo para acabar com o financiamento público de combustíveis fósseis até 2022.

Huang apelou aos líderes que cumpram seus compromissos e parem de canalizar fundos públicos para combustíveis fósseis. Para a Agência Internacional de Energia,  a transição lenta para as energias renováveis agrava as crises climática e energética.

Em discurso feito na ocasião, a ativista da ONG Friends of the Earth International, em Moçambique, Dipti Bhatnagar, falou de desapropriações de terras no país. Ela advertiu sobre o interesse de “países ricos em reservas de gás”  locais como um dos fatores que teria levado ao aumento de deslocados.

UNIC Tóquio/Momoko Sato Próximo do local, o secretário-geral da ONU enviou uma mensagem a governos e ao setor financeiro sobre investimentos em combustíveis fósseis.

Produção de petróleo

Próximo do local, o secretário-geral da ONU enviou uma mensagem a governos e ao setor financeiro sobre investimentos em combustíveis fósseis. António Guterres acompanhou o lançamento do inventário independente de emissões de gases de efeito de estufa, criado pela Coalizão Climate Trace liderada pelo ex-vice-presidente norte-americano Al Gore.

A ferramenta combina dados com uso de satélites e inteligência artificial para mostrar as emissões em nível de instalação de mais de 70 mil locais em todo o mundo, incluindo empresas na China, nos Estados Unidos e na Índia. O recurso permitirá que os líderes conheçam a localização e a finalidade das emissões.

Guterres explicou que os dados gerados pela iniciativa mostram que as emissões são, muitas vezes, até maiores do que o que é reportado. Os desafios são a  subnotificação de vazamentos de metano, a queima e outras atividades associadas à produção de petróleo e gás.

Para ele, esse fato deve servir de alerta para tais setores, especialmente os que investem em combustíveis fósseis e promovem a poluição.

© Unsplash/Omid Armin O Dia de Finanças na COP27 destacou que é preciso investir trilhões de dólares a cada ano para alcançar as transformações rápidas e de longo alcance.

Investir trilhões de dólares a cada ano

O secretário-geral da ONU ressaltou que a nova ferramenta será crucial para os líderes empresariais atuando para descarbonizar suas cadeias de suprimentos, para os governos que trabalham para alinhar políticas com planos climáticos e para os investidores seguindo o progresso do setor privado em direção à neutralidade da emissão de carbono.

Para o líder das Nações Unidas, o problema é ainda maior do que se crê. Por isso, pediu que o mundo trabalhe ainda mais para acelerar a eliminação de todos os combustíveis fósseis.

O Dia de Finanças na COP27 destacou que é preciso investir trilhões de dólares a cada ano para alcançar as transformações rápidas e de longo alcance com vista a lidar com o impacto da crise climática e cumprir os objetivos do Acordo de Paris.

© Unsplash/Micheile Para os especialistas, a origem do impulso financeiro devem ser os setores público, privado, da dívida ou do patrimônio, ou ainda o comercial e filantrópico.

Questão de perdas e danos

Salas de conferências, pavilhões e os chamados “centros de ação”, incluindo sessões de negociações a portas fechadas, juntaram delegados, ativistas, banqueiros e outras partes interessadas no debate sobre a importância de se fechar a atual lacuna financeira em áreas críticas da ação climática. As principais são a mitigação, a adaptação e as perdas e danos.

Para os especialistas, a origem do impulso financeiro devem ser os setores público, privado, da dívida ou do patrimônio, ou ainda o comercial e filantrópico.

O fecho da “lacuna de adaptação” foi uma das maiores convocações feitas durante o dia.  A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, Unfcc, mobiliza os promotores de projetos e investidores a ter foco na preparação e no investimento de iniciativas sobre resiliência e protejam os mais vulneráveis dos impactos negativos das mudanças climáticas.

Outra meta é estimular a mudança sistêmica e a inovação em favor da transformação para carbono zero que seja resiliente ao clima, no contexto de uma transição justa, além da proteção e restauração do capital natural.

Nas promessas e novas iniciativas dos países para financiar perdas e danos destaca-se o anúncio de US$ 20 milhões da Nova Zelândia. O desembolso junta-se aos da  Escócia, Noruega, Alemanha, Áustria, Bélgica para apoiar economias em desenvolvimento a custear danos de desastre causados pelas mudanças climáticas.

O Reino Unido declarou que aceitaria que os países atingidos por desastres causados pelo clima tivessem uma prorrogação de seus pagamentos.

Este texto foi originalmente publicado por Nações Unidas News de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.

Equipe eCycle

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