Imagem de Esteban Castle no Unsplash
Em meio à crise global de deslocamento forçado, que atinge mais de 120 milhões de pessoas, a falta de acesso à energia emerge como um dos maiores desafios enfrentados por refugiados. Enquanto agências humanitárias fornecem lenha e lanternas básicas, essas soluções são insuficientes para atender às necessidades diárias. No entanto, uma mudança significativa está em curso: refugiados empreendedores estão liderando iniciativas que garantem acesso à energia sustentável, transformando a realidade de campos na África e além.
Em campos administrados pela Agência de Refugiados da ONU em países como Ruanda, Quênia, Uganda e República Democrática do Congo, a presença de energia é visível. Mercados movimentados, lojas que vendem de roupas a eletrodomésticos, e até cinemas improvisados são alimentados por geradores, painéis solares e baterias. A eletricidade não apenas ilumina as noites, mas também sustenta negócios que vão desde cafés até estações de carregamento de celulares.
Apesar dos esforços das agências humanitárias, 94% das pessoas deslocadas em campos não têm acesso significativo à energia, e 81% dependem de combustíveis básicos para cozinhar. Diante desse cenário, refugiados têm buscado soluções por conta própria. Muitos investem em painéis solares, geradores e baterias, criando microempresas que fornecem energia para suas comunidades. Empresas locais, como BBOX no Quênia e MESH Power em Ruanda, também desempenham um papel importante ao oferecer sistemas solares domésticos.
No entanto, os custos ainda são um obstáculo. Famílias de refugiados chegam a gastar entre 15% e 30% de sua renda com energia, um valor que, em países como o Reino Unido, seria classificado como pobreza energética extrema. Em alguns campos, o diesel e o querosene são tão caros que limitam o acesso a apenas quatro horas de energia por dia.
Apesar das dificuldades, o empreendedorismo entre refugiados tem se mostrado uma força transformadora. Em Kakuma, no Quênia, a Kakuma Ventures fornece energia solar e acesso à internet para mais de 1.500 pessoas. Em Uganda, a Patapia apoia mulheres refugiadas no desenvolvimento de negócios movidos a energia limpa. Essas iniciativas não apenas reduzem custos, mas também promovem a sustentabilidade e a inclusão energética.
Organizações globais têm reconhecido o potencial dessas iniciativas. A Ashden, por meio de seu Prêmio de Energia Humanitária, e a Last Mile Climate, que apoia projetos liderados por refugiados, são exemplos de como o setor humanitário está começando a valorizar o papel dos empreendedores locais na transição energética.
A energia sustentável em campos de refugiados não é apenas uma questão de conforto, mas de dignidade e oportunidade. Ao transformar desafios em soluções inovadoras, refugiados estão redefinindo o futuro da energia em contextos humanitários, provando que a resiliência e a criatividade podem iluminar até os cenários mais desafiadores.
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