Relatórios de temperatura do Ártico e da Antártida alarmam cientistas por conta de aumento repentino
A Base Concordia, na Antártida, relatou um aumento de temperatura nunca antes visto na história. Cerca de 40ºC acima da média da estação, a região chegou a atingir -11.8ºC na sexta-feira (18). Além disso, algumas áreas do Ártico relataram estar 30ºC mais quentes do que a média, alertando cientistas sobre a situação em ambos os extremos do planeta.
De acordo com especialistas, essa mudança ocorreu devido ao deslocamento de calor e umidade em direção aos polos. É possível que ventos originários da Austrália tenham contribuído para esse aumento de temperatura.
O meteorologista polar Jonathan Wille compartilhou com o Washington Post que o aumento da temperatura pode ser atribuído a um rio atmosférico — uma corrente de vapor da água que se movimenta pelo céu com ajuda dos ventos fortes.
O aumento de temperatura começou na terça-feira (15) e vem se estendendo até agora, marcando um evento climático “extraordinário” e nunca visto antes.
Contudo, a falta de documentação anterior aos anos 50 impede que a comparação seja muito extensa. Portanto, é difícil contextualizar historicamente o que exatamente essas temperaturas significam.
Embora o calor precisasse manter-se persistente na Antártida para que exista alguma mudança substancial, o aumento de temperatura ainda é alarmante. Especialistas alertam sobre a possibilidade de enfraquecimento das plataformas de gelo por conta do calor. Uma vez que estas são derretidas, o gelo presente no seu interior pode resultar no aumento do nível do mar.
Na Antártida, os níveis de gelo do mar são os menores já registrados, o que significa que essas plataformas já se derreteram e se juntaram ao mar. No ano passado, o aumento de temperatura na Ártica fez com que o gelo do mar enfraquecesse duas vezes mais rápido do que era esperado por especialistas.
O constante derretimento e perda de plataformas de gelo e de gelo do mar criam um círculo vicioso para o aumento de temperatura.
Enquanto mais gelo é derretido, mais áreas de água escura são expostas, o que permite uma maior absorção de calor pelo Sol, o que consequentemente resulta em maiores temperaturas.
Essa não é a primeira vez que as mudanças climáticas ameaçam as regiões árticas.
Recentemente, um estudo compartilhado pelo jornal britânico The Guardian alertou sobre uma possível mudança na precipitação do Ártico. De acordo com o estudo, é possível que a chuva se torne a precipitação mais recorrente no continente. Atualmente, a neve cai com mais frequência, mas é esperado que se a temperatura do planeta aumentar em 3ºC, o que é previsto, a situação mude.