Decisão em meio a grave crise política mostra que necessidade de resolver crise do clima é maior que partidos
A primeira-ministra britânica Theresa May anunciou nova legislação para tornar o Reino Unido neutro em termos de emissões de dióxido de carbono (CO2) até 2050.
A proposta será submetida hoje ao Parlamento e representa uma mudança na Lei sobre as Alterações Climáticas, de 2008, para intensificar o esforço do país de reduzir drasticamente as emissões de CO2.
“Ficar parado não é uma opção. Atingir a neutralidade carbônica até 2050 é uma meta ambiciosa, mas é crucial atingi-la a fim de garantir a proteção do nosso planeta para as gerações futuras”, disse May, em um comunicado.
A Comissão para as Alterações Climáticas britânica publicou um relatório no dia 2 de maio que incentiva o governo a tomar medidas rápidas para alcançar a neutralidade carbônica antes de 2050. Essas medidas podem custar por ano 1% a 2% do Produto Interno Bruto (PIB).
O Reino Unido foi o primeiro país a aprovar, no Parlamento, a declaração de uma “emergência ambiental e climática“, proposta pelo Partido Trabalhista, que faz oposição a Theresa May.
O compromisso, enviado pela premiê ao Parlamento nesta quarta (12), torna o berço da Revolução Industrial o primeiro país do G7 a dar esse passo. Isso deve aumentar a pressão sobre outras economias do mundo desenvolvido por mais ambição no Acordo de Paris.
A decisão foi tomada em meio à mais grave crise política em décadas, com a falta de acordo no Brexit e a renúncia de May. Ela vem poucas semanas depois do decreto de emergência climática e mostra que a necessidade de atacar a crise do clima transcende partidos e ideologia. Mostra também que os britânicos em todo o espectro político entenderam o risco que a inação climática traz, assim como as oportunidades econômicas que a transição para a economia limpa abre.