Para assegurar a educação de qualidade e bom desenvolvimento social e cognitivo é preciso garantir uma relação professor-aluno positiva
A relação do professor aluno é muito importante não apenas para o desenvolvimento cognitivo do estudante, mas também para a construção do conhecimento afetivo. O diálogo e a afetividade são tópicos muito defendidos nos ensinamentos de Paulo Freire (educador e filósofo brasileiro) sobre a educação, enquanto o estudioso Lev Vygotsky (psicólogo histórico-cultural e pensador), acreditava na equidade como uma característica importante da relação professor-aluno.
Importância da relação professor-aluno
Para ambos os educadores, a chave para o funcionamento dessa relação é o professor, já que ele trabalha com agente mediante no processo de ensino – aprendizagem. A interação social e a mediação do outro é fundamental quando se fala do ensino humano, por isso a valorização da relação professor-aluno é tão discutida no âmbito da educação.
Um estudo, publicado pela University of Missouri, descobriu que a relação professor-aluno positiva leva para uma boa prática pedagógica e melhor aprendizado dos alunos. Segundo a pesquisa, para conseguir resultados positivos, o professor deve demonstrar atitudes parassociais na sala de aula. Isso quer dizer que ele precisa mostrar mais empatia e compaixão por seus alunos, em vez de focar apenas no conhecimento “puro”.
Os pesquisadores da University of Missouri relataram que os estudantes consultados mostraram maior mudança nas atitudes escolares quando tinham uma boa relação com o professor. Desta forma, é possível perceber que, na prática, as teorias de Paulo Freire funcionam e que o amor, humildade, esperança, fé e confiança são tópicos essenciais na sala de aula.
Como deve ser a relação do professor com o aluno?
Para Lev Vygotsky, a relação professor-aluno não pode ser de imposição, e sim de cooperação, respeito, e crescimento. Assim, o aluno deve ser considerado um sujeito interativo e ativo, no seu processo de construção de conhecimento. O ponto de vista de Vygotsky complementa a ideia de diálogo de Paulo Freire. Afinal, para que o professor consiga estabelecer esse laço com seu educando, ele precisa dialogar.
Muitas vezes, o professor se enxerga apenas com alguém que deve entregar conhecimento cognitivo e ir para casa no fim do dia. Essa crença de autoridade, que faz com que a educação trabalhe como algo de cima para baixo, e não de forma horizontal, não promove a criação de laços entre a escola e o aluno. Por esse motivo, muitos jovens podem se sentir desmotivados e acabam largando o ensino antes da hora.
Essa situação é reforçada quando o educador não tenta ter uma conexão pessoal e entender o ponto de vista de seus estudantes. Em alguns cenários, a pessoa encarregada de ensinar assume uma posição de preconceito com aqueles alunos que têm dificuldades de aprendizagem. Isso gera uma relação professor – aluno fragilizada, onde jovens com déficit de atenção, dislexia, e outras condições cognitivas, se sentem excluídos e propensos a desistir dos estudos.
Nesse contexto, os estudantes se sentem mais motivados a irem para a escola aprender quando eles sabem que o professor se importa com eles. Além disso, focar a educação em novos conhecimentos, em vez de em conseguir notas altas, faz com que os alunos aprendam de verdade, e tenham vontade de realizar suas tarefas.
Como colocar em prática a relação professor aluno?
Abaixo, separamos algumas atitudes que podem ajudar o educador na hora de manter uma relação com seus estudantes:
Estude
Busque estudar mais sobre a ciência por trás da relação professor-aluno, alguns estudos apontam o impacto que cuidadores, como professores, têm na vida das pessoas;
Ouça com empatia e atenção
Muitas vezes o aluno não precisa de conselhos ou alguém para resolver seus problemas, apenas de uma figura para ouvi-lo em momentos difíceis. Uma escuta empática, por parte do educador, coopera para que o estudante consiga respirar e se acalmar e resolver seu problema;
Converse com seus alunos
Sempre que possível, tente ter uma conversa sincera com seus alunos. Se notar que ele está tendo dificuldades com a matéria, sente com ele e converse a respeito. Tentar entender o lado do outro ajuda no desenvolvimento de capacidades sociais e empáticas;
Pratique vulnerabilidade
Vygotsky defende que o educador não pode ter uma postura autoritária em sala de aula. Logo, ser vulnerável uma vez ou outra pode auxiliar na melhora da relação professor-aluno. Afinal, quando as pessoas sentadas nas carteiras perceberem que aquele que os ensina também é humano e tem sentimentos, eles se sentirão mais confortáveis em se abrir e criar laços;
Tenha diferencial
Os estudantes se sentem mais animados com os estudos quando eles são dinâmicos. Ou seja, sempre que possível, tente trazer algo diferente para as suas aulas, permitindo que os alunos explorem sua criatividade, sua realidade e seus potenciais. Abra espaço para que eles tenham voz e se sintam livres para expressar suas opiniões sobre o assunto.
Permita que os educadores possam se cuidar
A relação professor-aluno não funcionará direito se uma das partes estiver abalada, principalmente se essa for a do educador. Como ele é o agente mediador do relacionamento, é preciso que exista um cuidado com a sua saúde física e mental. Afinal, não é possível cuidar de alguém quando você mesmo não está bem.
Para garantir um bom funcionamento do vínculo, a escola precisa garantir que os professores tenham um espaço de segurança e descanso, onde eles possam se recuperar de momentos difíceis. É preciso também que o professor tenha abertura de se afastar quando for necessário cuidar da saúde física e mental.
Para além da sala de aula
O ato de manter uma boa relação vai além da sala de aula. Coordenadores, diretores e ajudantes escolares também precisam ter um vínculo positivo com os estudantes. Assim, todos conseguem ter uma convivência tranquila, que incentiva não apenas aqueles que aprendem a vir para as aulas, mas também os que ensinam e coordenam a ter mais apreço pelo seu trabalho e pelo impacto que ele causa na vida de outras pessoas.