Relatórios apontam conexão entre degradação ambiental e declínio na saúde humana global

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Degradação ambiental pode reverter progresso obtido pela saúde global com o aumento na expectativa de vida

Diante da crise na produção de alimentos por causa do desaparecimento das abelhas ou do descarte incorreto de plástico que prejudica o ciclo reprodutivo de espécies importantes, temos noção de consequências graves podem afetar os futuros habitantes do planeta. Mas como esses efeitos só serão sentidos no futuro, eles parecem um tanto distante, não é mesmo? Talvez bem menos do que você imagina.

Dois relatórios publicados no segundo semestre de 2015 – um pelo Secretariado da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) da ONU em parceria com a Organização Mundial da Saúde, e outro pela Rockefeller Foundation, em parceria com a revista científica britânica Lancet – mostraram resultados chocantes.

O relatório do CDB aponta que a degradação ambiental é responsável pelo declínio da biodiversidade e dos chamados serviços ecossistêmicos, que proporcionam alimentos, ar limpo e água. A falta desses serviços representa um risco para saúde humana e a sustentabilidade econômica do planeta, segundo autores do relatório. De acordo com o secretário executivo da CDB, Braulio Ferreira de Souza Dias, a perda da biodiversidade e de serviços ecossistêmicos é um processo lento, contínuo e pouco visível, diferente das mudanças climáticas que se manifestam de maneiras muito mais perceptíveis.

O relatório indica que a contínua degradação ambiental já causou a perda de mais de 80% da vegetação herbácea, além de 90% de todas as áreas úmidas e dos estoques de peixes de maior porte no mundo. Além disso, também resultou na perda de mais de 90% da variedade genética de espécies de trigo, arroz e frutas, como maçã, nas últimas décadas. Tudo isso torna a população mundial vulnerável a surtos de pragas agrícolas e assim, a um possível colapso na oferta de alimentos.

Fatores como a superexploração de recursos biológicos, poluição, dispersão de espécies exóticas e invasoras, mudanças climáticas e acidificação dos oceanos, que são ligados à degradação ambiental, também impactam na perda da qualidade da saúde humana. Um exemplo dado no relatório é o surto surto mais recente de Ebola. Segundo Dias, devido à falta de opção de outros alimentos, a população pobre das áreas florestais teve que se alimentar da carne dos animais silvestres, fazendo com que entrassem em contato com doenças.

O relatório da Rockefeller Foundation exalta a necessidade de uma ação coletiva em níveis global e local e salienta a importância da discussão do assunto na agenda global, em especial com a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP21), que ocorre em dezembro de 2015. O relatório apontou algumas medidas que podem ajudar a diminui o impacto da degradação ambiental na saúde, entre elas estão proteção dos recursos hídricos, combate ao desperdício de alimentos, investimento na implantação de energias renováveis, incentivo global na infraestrutura do transporte público.

Fonte: Agência Fapesp

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