Eles têm em média 10 milímetros. Mas esse pequeno tamanho não faz jus à proporção do incômodo que podem provocar. Sim, estamos falando dos pernilongos, velhos conhecidos das nossas noites de verão (mas não só!). Quem nunca acordou de madrugada amaldiçoando esses pequenos mosquitos por causa de uma incômoda picada que atire o primeiro repelente. Ou o primeiro inseticida. Mas o melhor é se for um repelente caseiro!
Fazer o seu próprio repelente caseiro é uma solução totalmente natural e que não exige grandes gastos. Essa é uma solução bem mais sustentável e tão eficaz quanto os produtos químicos que são comercializados. O repelente caseiro leva apenas ingredientes fornecidos pela natureza e é super fácil de fazer, abaixo explicaremos como fazer repelente caseiro.
É preciso entender que as condições climáticas características do verão brasileiro de fato favorecem a reprodução dos pernilongos. O calor acelera o processo reprodutivo deles, fazendo com que as fêmeas coloquem mais ovos e com que os ovos eclodam mais rapidamente. Além disso, as temperaturas que normalmente são constatadas pelos termômetros ao longo dessa estação são as ideais para o funcionamento do organismo dos pernilongos: de 26ºC a 28ºC. Quando se verifica temperaturas abaixo dos 18ºC, eles hibernam; acima de 42ºC, eles morrem.
No entanto, é preciso reconhecer que não basta colocar toda a culpa nas condições climáticas e nos hábitos dos mosquitos. A própria população e as autoridades têm uma relevante parcela de culpa nesses episódios de infestação dos mosquitos. Por exemplo: rios poluídos facilitam a proliferação dos pernilongos. Isso porque nesses rios há uma elevadíssima concentração de matéria orgânica necessária para seu desenvolvimento. Não atentar para focos de água parada e de vegetação alta também são atitudes que contribuem para o crescimento exponencial da população de pernilongos.
A falta de conscientização acerca dos episódios de infestação de pernilongo que acompanham as ondas de calor acaba provocando dois problemas: a adoção de “soluções” que na teoria são muito eficazes, mas que na prática provocam danos à saúde e ao meio ambiente; e a não adoção de atitudes que poderiam prevenir esses episódios.
A combinação desses problemas resulta, por exemplo, no uso constante e na produção negligente de inseticidas domésticos tóxicos, que podem causar alergias, atrasar o desenvolvimento neurológico infantil, intoxicar os animais domésticos, entre outros problemas. Além disso, o uso em larga escala desse tipo de produto pode induzir mutações que fazem com que o mosquito se torne cada vez mais resistente, dificultando o seu controle.
O problema das loções repelentes pode ser resumido em quatro letras: DEET, ou dietiltoluamida. Esse é o principal componente da maioria dos repelentes disponíveis no mercado. O DEET atua nos sensores presentes nas antenas dos pernilongos e mosquitos em geral, e faz com que eles não reconheçam o gás carbônico que é liberado pelos seres humanos na respiração. Por essa razão, eles se mantêm afastados. No entanto, o DEET pode desencadear processos alérgicos respiratórios na pele, nas mucosas e até danos hepáticos em humanos.
Até o momento, não há um consenso entre os especialistas sobre reais efeitos que essa substância pode provocar à saúde humana. Além disso, um estudo realizado por cientistas da Grã-Bretanha comprovou que o mosquito da dengue já desenvolveu uma resistência biológica ao DEET, devido ao uso em larga escala dos repelentes que o contêm em suas composições.
Mas, certamente, é melhor prevenir do que remediar. A própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), consciente da falta de consenso entre os especialistas, aprovou novos requisitos para a comercialização desses produtos.
Em primeiro lugar, será preciso deixar claro nos rótulos quais os danos que o DEET pode provocar no consumidor. Em segundo lugar, será necessário evidenciar quais são as instruções de uso, salientando que o produto só deve ser aplicado três vezes ao dia, principalmente no caso de crianças de 2 a 12 anos. Por fim, as empresas estão proibidas de usar imagens de apelo infantil. Essa medida tem como objetivo prevenir acidentes, uma vez que tais imagens despertam o interesse das crianças, que podem tentar aplicar o produto por conta própria e até mesmo ingeri-lo.
Uma alternativa para não agredir o meio ambiente e contribuir para o controle dessa infestação que cresce ao longo do verão é cultivar plantas que são naturalmente repelentes de mosquitos e outro insetos. Entre elas podemos citar a lavanda, a hortelã, o manjericão e a citronela. Para saber mais acesse a matéria “Seis tipos de plantas funcionam como repelentes naturais de insetos“.
Outra alternativa diz respeito à loção repelente que, durante esses períodos, têm sempre um lugar reservado nas listas de compras, junto com os inseticidas. A grande maioria das pessoas pode achar que o uso de loções repelentes é algo que irá proteger a sua família. Mas é preciso tomar cuidado, principalmente no que concerne às crianças. Por isso fazer um repelente caseiro é uma boa opção para contornar esse caminho.
Quando o exército francês esteve em missão na Guiana Francesa, na década de 1990, a malária causava mais baixas em soldados que qualquer inimigo. O exército francês então encomendou para a Bayer a pesquisa e desenvolvimento de um repelente com maior poder bélico: surgiu assim a Icaridina. Eficaz também contra o mosquito da dengue, o repelente cria um escudo de quatro centímetros de espessura na área aplicada, e é emanada da pele por 10 horas seguidas (o DEET age por 20 minutos com alta eficácia).
No Brasil, já existem repelentes com a substância à venda. Outra questão é que os repelentes compostos por DEET necessitam de 30% a 50% de concentração para garantir seu funcionamento. Já a Icaridina deve vir em concentração máxima de 20% a 25%, números recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Infelizmente, independente da composição, a maioria das versões comercializadas possui perfume, o que causa o efeito contrário de atrair os insetos, e não repeli-los. De qualquer forma, o recomendado é passar em abundância em todas as partes expostas a cada quatro horas ou quando entrar em contato com água. Evitando sempre, claro, atingir mucosas, olhos, boca e narinas.
Os repelentes sem química nociva compostos de citronela possuem um efeito curto – mas fazer vela de citronela é uma boa opção para usar dentro de casa, já que desta forma a substância terá uma ação contínua no ambiente. outra forma de manter os mosquitos longe de casa é colocar cinco gotas de óleo essencial de citronela em um difusor. Usar alho e vitamina B para repelir insetos é um grande mito, não sendo comprovado cientificamente.
Em todo caso, e na ausência de um consenso, uma alternativa para evitar o DEET e outros inseticidas é o bom e velho faça você mesmo. O Portal eCycle selecionou algumas dicas que podem te ajudar a se proteger dos pernilongos.
Produzir você mesmo aquilo que será consumido é uma atitude sustentável que, além de ser econômica e preservar a sua saúde contra substâncias duvidosas, ajuda também o meio ambiente.
As loções repelentes e inseticidas podem vir embaladas em frascos plásticos ou em aerossóis. Quando elas acabam, as embalagens ficam no meio ambiente.
Como se sabe, os plásticos geram um grande volume de lixo e sua degradação pode demorar mais de 100 anos. Já os aerossóis podem facilitar a aplicação dos repelentes, mas provocam um grave impacto ambiental. Isso se deve não só pelas pequenas quantidades de gás carbônico que eles emitem (devido à transformação do conteúdo gasoso em líquido), mas também pela dificuldade de reciclá-lo, pois esses materiais não podem ser tratados nem como lixo comum, nem como metal comum.
Confira algumas receitas de repelente caseiro que você pode fazer em casa sem muito esforço.
O cravo-da-índia contém uma substância chamada eugenol, que possui propriedades inseticidas contra mosquitos e formigas. Confira essa receita de repelente caseiro com cravo da índia fácil de fazer:
Junte o álcool e o cravo-da-índia em um pote opaco, escuro, com tampa. Deixe-o fechado e sem contato com a luz por quatro dias. Depois desse período, mexa bem a mistura duas vezes por dia, uma vez de manhã e outra à noite. Por fim, coe e acrescente o óleo corporal, agitando ligeiramente. Coloque o seu repelente caseiro em um recipiente spray, que pode ser comprado em farmácias homeopáticas e lojas de artesanato, e aplique na pele.
Esse repelente caseiro atua por até quatro horas. Ao aplicar, evite o contato com os olhos e com machucados na pele e aplique somente três vezes ao dia. E lembre-se: de acordo com a Anvisa, não é recomendado que crianças com menos de dois anos façam uso de repelentes.
A citronela é uma potente aliada na proteção contra os pernilongos e outros insetos. O óleo essencial que é extraído dela e que é a base dessa receita possui 80 componentes repelentes, entre eles o citronelal, geraniol e o limoneno. Se você tiver um difusor de água, deixe-o em ambientes de até 16 m² e pingue três gotas de óleo essencial de citronela na água a cada cinco horas. Isso também ajudará a manter os pernilongos afastados. Outra opção é fazer velas caseiras de citronela e deixá-las acesas nos cômodos: além de ser uma alternativa ecologicamente correta, a sua casa estará protegida e com um aroma agradável, semelhante ao aroma do eucalipto.
Reúna todos os ingredientes e misture bem. Por fim, lembre-se de armazenar a mistura em um recipiente escuro e evitar o seu contato com o sol. Você também pode usar outras quantidades, desde que sempre seja mantida a proporção de duas partes de óleo de amêndoas para uma parte de óleo de citronela. As recomendações de aplicação desse repelente caseiro são as mesmas do anterior.
O óleo essencial de eucalipto é uma excelente alternativa natural para acabar com mosquitos. Para utilizá-lo de maneira eficaz é preciso um difusor elétrico (no caso da casa) e de um óleo carreador para aplicação na pele. No difusor você pode utilizar quantas gotas preferir, mas o indicado são cinco gotas a cada quatro horas. Para fazer o repelente caseiro para passar na pele, você precisará, além do óleo essencial de eucalipto, de um óleo carreador – normalmente o óleo de coco exerce essa função.
Misture bem e aplique uma pequena quantidade na parte interna do antebraço para fazer o teste de alergia. Caso apresente irritação, suspenda o uso e retire a mistura aplicada com auxílio de um algodão e algum óleo vegetal neutro, como o próprio óleo de coco, óleo de girassol, óleo de semente de uva ou outro óleo vegetal que você sabe que não causa irritação.
Caso não apresente alergia à mistura de óleo de coco e óleo essencial de eucalipto, basta espalhar o repelente caseiro pelo corpo. Pronto! O repelente caseiro para mosquitos que você fez atuará em conjunto com o difusor para acabar com os mosquitos da sua casa.
Conheça oito dicas para espantar mosquitos sem química nociva no vídeo do canal do Portal eCycle no YouTube:
Outra opção é a compra de um repelente 100% natural, eles são mais bem elaborados e possuem outros ingredientes, mas mesmo assim são sustentáveis. O repelente à base de neem pode até ser utilizado em animais e plantas, não apresenta riscos por ser natural, saiba mais na matéria “Repelente à base de neem, citronela e andiroba é indicado para animais e plantas“. Você pode encontrar essa e outras opções de repelente natural na Loja eCycle.
Você também pode utilizar diversos tipos de óleos essenciais em um difusor para afastar os mosquitos da sua casa. De acordo com um estudo, os óleos derivados de produtos naturais que possuem os maiores potenciais como repelente de insetos são os de citronela, cravo, verbena, cedro, lavanda, pinho, canela, alecrim, manjericão, pimenta e pimenta da jamaica.
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