Responsabilidade do Produtor: Gana não quer pagar preço ambiental do descarte de blusinhas de plástico do Ocidente

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Gana está pagando o preço ambiental do descarte de têxteis do fast-fashion. Além disso, os comerciantes de roupas estão enfrentando dificuldades econômicas diante da redução dos preços no mercado de segunda mão.

No dia 31 de maio, varejistas ganenses de roupas de segunda mão foram para Bruxelas para fazer lobby por uma legislação que obrigue toda a indústria da moda europeia a ajudar a lidar com os danos socioambientais do despejo de grandes quantidades de têxteis em Gana. 

“Pare de despejar suas roupas descartadas em nós”, disseram os comerciantes de roupas ganenses à União Europeia, segundo o jornal The Guardian. 

Os comerciantes de Kantamanto em Acra, um dos maiores mercados de roupas de segunda mão do mundo, encontraram-se com Alice Bah Kuhnke, eurodeputada do Partido Verde da Suécia, organizações ambientais e representantes da Comissão Europeia e do Bureau Europeu de Meio Ambiente para argumentar que a proposta de Responsabilidade Estendida do Produtor (REP) deve garantir que Gana receba fundos para administrar as 100 toneladas de roupas descartadas no mercado todos os dias.

De acordo com outro artigo publicado no The Guardian, escrito por Tim Gossling, além dos problemas econômicos, os refugos das marcas de fast-fashion estão contribuindo para  poluição ambiental e problemas de inundação no Gana. 

Segundo Gossling, as roupas descartadas nos países ocidentais são levadas para países em desenvolvimento, como o Gana. Chegando ao porto de Tema, em Gana, elas são selecionadas por comerciantes do mercado, que as levam para casa e separam o conteúdo em vendável e lixo.

O lixo acaba em Kantamanto em Accra, bloqueando os esgotos e aumentando os problemas de inundação de Gana.

Mas as roupas vendáveis ​​são vendidas na rua pelos comerciantes, onde são estendidas no chão. Lá, os transeuntes podem comprar camisas, bermudas e outros itens por alguns cedis.

Mas esse novo mercado está prejudicando a indústria de roupas ganense, pois reduz significativamente os preços no mercado de segunda mão. Gana tem uma boa indústria de roupas, mas a concorrência com os resíduos ocidentais está minando a ponto de destruí-la. 

Quando as pessoas doam suas roupas para lojas de caridade ou as descartam, não costumam imaginar os danos socioambientais causados em outros países. 

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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