Restingas podem ser definidas como diferentes formações vegetais estabelecidas sobre solos arenosos que ocorrem na região da planície costeira, próximo ao mar. Por estar localizada na interface entre os ambientes marinho e continental, em locais de clima tropical, a restinga possui uma fragilidade intrínseca. Sendo constantemente afetada por processos naturais de deposição e erosão marinha e de drenagem fluvial.
Dessa maneira, esses ecossistemas costeiros são determinados fisicamente pelas condições edáficas (relacionadas ao solo) e influência marinha, e são encontrados ao longo do litoral brasileiro e em várias partes do mundo. No Brasil, a restinga faz parte do bioma da Mata Atlântica.
O tipo de vegetação da restinga recebe influência de três fatores principais. O primeiro deles diz respeito à distância do mar. Mais próxima dele, a vegetação está sujeita a condições de alta salinidade. Além de ventos fortes e um substrato muito inconstante, e temperaturas mais elevadas.
Nos locais mais distantes, as condições são diferentes em função do:
Um segundo fator determinante é a topografia. Em decorrência dos processos de deposição e remoção de material nessas regiões, há a formação de faixas de elevações do terreno. Essas são chamadas de “cordões”, e faixas de depressões, chamadas de “entre-cordões”. Nos cordões, a condição é de um solo mais seco, que se alaga apenas em eventos mais drásticos de chuva.
Por outro lado, os entre-cordões alagam com facilidade, criando ambientes muito distintos. Além disso, nos entre-cordões há um acúmulo de material orgânico no solo pela simples posição mais baixa do terreno. O que acaba muitas vezes formando solos escuros e orgânicos nas camadas mais superficiais.
Um terceiro fator característico é a própria vegetação. Afinal, ao se estabelecer no solo de areia, vai mudando as condições ambientais e permitindo que outras plantas se desenvolvam. Uma árvore que cresce na praia, por exemplo, facilita a germinação de novas sementes de árvores abaixo de sua copa. Isso, uma vez que ameniza as altas temperaturas com sua sombra.
As restingas, no Brasil, caracterizam-se por vegetação herbácea, arbustiva ou florestal. Em geral, elas possuem baixa biodiversidade quando comparadas a outras comunidades vegetais, sendo protegidas por lei devido à sua fragilidade. As principais fisionomias das áreas mais secas são:
Nas áreas entre cordões, ocorrem a Floresta Alta Alagada de Restinga e a Floresta Paludosa. Nessas regiões predominam espécies vegetais mais adaptadas às condições de alagamento como a Caixeta e o Guanandi.
A fauna da restinga é bastante rica. Muitas aves migratórias utilizam essas áreas como locais de alimentação e descanso. Entre elas, destacam-se:
Além disso, há a presença de caranguejos e tartarugas.
As áreas de restingas foram formadas há milhares de anos pelo recuo do nível do mar. Devido ao direcionamento de grande quantidade de areia das plataformas continentais em direção à praia. Durante o período Quaternário, as variações no nível do mar ocorreram no mínimo três vezes. Assim expondo e cobrindo áreas litorâneas que hoje constituem as restingas.
A planície costeira tem sido ocupada pelo ser humano ao longo da história, intensificando-se nos últimos séculos devido à sua beleza cênica, relevo plano e recursos pesqueiros disponíveis.
Contudo, essas mesmas características atrativas – como a beleza natural e a abundância de recursos – estão sendo progressivamente destruídas pelas perturbações contínuas causadas principalmente pelo estabelecimento de edificações, especulação imobiliária, instalação de complexos industriais, retirada de areia e outras formas de degradação.
A proteção das restingas ganhou impulso com a Lei nº 12.651/2012, que reconhece sua importância e as declara como áreas de preservação permanente (APP). No entanto, apesar de algumas iniciativas da classificação de praias, cordões arenosos e dunas como ambientes que devem ser preservados, a área protegida ainda é limitada e há carência de informações sobre seus aspectos ecológicos.
A Restinga da Marambaia, localizada no Estado do Rio de Janeiro, é um exemplo de ambiente protegido que ainda apresenta cobertura vegetal característica de restinga. Ela não está em uma APP, mas o controle de acesso realizado pela marinha ajudou em sua conservação. Por outro lado, há a dificuldade de realização de estudos científicos no local para compreender melhor as vulnerabilidades ambientais que as restingas podem apresentar.
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