Restrição alimentar: o que é, causas e tipos

O reconhecimento dos diversos tipos de restrição alimentar ajuda na rotulagem apropriada de alimentos e promove a inclusão

A restrição alimentar é um tipo de limitação de determinados alimentos na dieta de um indivíduo, podendo resultar de escolhas sociais, alergias, intolerâncias ou práticas religiosas. Ela é caracterizada pela redução ou exclusão total de um ou mais alimentos da dieta.

A questão das restrições alimentares é amplamente debatida dentro da indústria alimentícia, principalmente em restaurantes e fornecedores de alimentos. O reconhecimento dessas limitações ajuda no planejamento dietético, proporcionando uma variedade de refeições que podem suprir as necessidades alimentares de diversos grupos ao mesmo tempo. Além disso, ele promove a inclusão de pessoas com limitações dietéticas através da rotulagem correta de refeições e evita possíveis acidentes.

É importante notar que, nesse caso, a restrição alimentar é definida como um tipo de escolha feita a partir da saúde ou das crenças morais de algumas pessoas. Portanto, ela se distingue das restrições resultantes de transtornos alimentares ou outros distúrbios.

Alergia alimentar: o que é, sintomas e causas

O que causa a restrição alimentar?

A maior parte das restrições alimentares deriva de alguma alergia ou intolerância alimentar. 

As alergias alimentares são caracterizadas por reações do sistema imunológico que podem ocorrer devido ao consumo apenas de traços do ingrediente ou alimento, dependendo da severidade do caso. Seus sintomas mais comuns envolvem coceira na boca e garganta, erupção cutânea vermelha e inchaço da face.

Em casos mais graves, o contato com o alérgeno alimentar pode causar uma reação alérgica grave, com risco de vida, conhecida como anafilaxia. 

Algumas alergias alimentares comuns são:

• Leite e derivados
• Peixes e frutos do mar;
• Glúten; 
• Soja;
• Nozes. 

Diferentemente da alergia, a intolerância alimentar é uma reação, na maioria das vezes, resultante do sistema digestivo. Ela possui sintomas menos severos, que podem demorar para aparecer. Geralmente é resultante da dificuldade da digestão de certos tipos de alimentos a partir da falta de uma enzima específica que o sistema digestivo requer para quebrar com sucesso certos alimentos. 

Adicionalmente, a intolerância alimentar também pode estar associada a outras condições; cerca de 70% das pessoas com síndrome do intestino irritável relatam sintomas a alimentos específicos. 

Por outro lado, a restrição alimentar também pode ser resultante de escolhas próprias de um indivíduo, a partir de suas crenças morais, religiosas ou também de sua saúde.

Tipos de restrição alimentar

Os tipos mais comuns de restrição alimentar que precisam ser reconhecidos na organização alimentar de eventos e restaurantes são:

Intolerância à lactose

A intolerância à lactose é resultante da falta da enzima lactase no organismo, que é responsável pela digestão da lactose — o açúcar presente nos laticínios. As bactérias que normalmente estão presentes no intestino grosso interagem com a lactose não digerida e causam sintomas como dores, inchaço abdominal, gases e, em alguns casos, diarreia. 

A condição é extremamente comum e possui novos casos todos os anos. De fato, segundo uma pesquisa de 2013, cerca de 75% das pessoas vão perder a capacidade de digerir lactose à medida que envelhecem. 

Além disso, também há a alergia à proteína do leite. Comum em bebês e crianças, é uma condição mais severa que também exclui o consumo de leite. Os cuidados com esse tipo de restrição alimentar são feitos através de alternativas sem lactose ou sem leite.

Sensibilidade ou intolerância ao glúten

O glúten é um tipo de proteína presente em alguns alimentos, como trigo, cevada e centeio. Embora seja comumente encontrado em inúmeras receitas, estima-se que dois distúrbios relacionados ao glúten afetem de 1 a 7% das pessoas em todo o mundo. Eles são a doença celíaca e a sensibilidade ao glúten não celíaca. 

As acomodações para pessoas com esse tipo de intolerância incluem a rotulagem de alimentos que contêm glúten e o desenvolvimento de substitutos.

Vegetarianismo, veganismo e vertentes

O vegetarianismo e o veganismo são dietas caracterizadas pela ausência do consumo de carne ou alimentos de origem animal. Na maioria dos casos, essa restrição alimentar é resultado da própria escolha do indivíduo e está de acordo com suas crenças morais de não consumir determinados alimentos devido ao seu impacto nos animais e no meio ambiente. 

Ambas essas dietas, juntamente com suas vertentes, são popularmente conhecidas e praticadas em todo o mundo. Portanto, é relativamente fácil encontrar marcadores indicativos de alimentos veganos e vegetarianos.

Conheça alguns tipos de vegetarianos

Diabetes

Pessoas com diabetes têm uma capacidade prejudicada de metabolizar carboidratos porque produzem pouca ou nenhuma insulina, ou não conseguem absorver insulina. Essa restrição alimentar inclui alimentos ricos em açúcar e de alto índice glicêmico.

Restrições alimentares religiosas

Algumas religiões possuem restrições alimentares a serem seguidas, como:

Kosher

Característico da religião judaica. É uma das restrições alimentares mais complexas de todas as práticas de alimentação religiosa.

A cozinha kosher é dividida em seções separadas: uma para laticínios, carne e pareve (alimentos que não contêm nem leite e seus derivados, nem carne de mamíferos). Ela é composta por diferentes conjuntos de utensílios, potes, panelas, pratos, facas, tábuas de cortar, que são usados exclusivamente em cada seção. 

Algumas das restrições incluem:

• Sem carne de porco e marisco; 
• O peixe é aceitável desde que tenha barbatanas e escamas; 
• Todos os animais com casco fendido e ruminantes (incluindo ovelhas e vacas); 
• Evitar o consumo de carne e laticínios na mesma refeição; 
• Nenhum vinho, a menos que seja kosher; 
• Toda carne deve ser preparada por um açougueiro kosher qualificado;
• Se a carne foi consumida no mesmo dia, deve-se esperar seis horas antes de consumir qualquer laticínio.

Halal

As leis dietéticas seguidas por praticantes do Islã. Alimentos Halal devem ser produzidos de maneira específica, especificamente a criação e o abate de animais. 

Algumas das leis do Halal incluem: 

• Animais carnívoros não são permitidos; 
• Todos os produtos suínos são totalmente proibidos; 
• Animais marinhos que não possuem barbatanas ou escamas são considerados indesejáveis por alguns muçulmanos; 
• Álcool em qualquer forma não é permitido; 
• A carne permitida, exceto carne de porco, pode ser consumida somente se for preparada da maneira correta (Halal); 
• Alimentos evitados incluem banha, gelatina, coalho, soro de leite, extrato de baunilha; 
• Os utensílios devem ser separados para muçulmanos e não deve haver contaminação de Halal e não Halal.