A Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29) chegou ao fim com resultados mistos
Por Instituto Talanoa | O Novo Objetivo Coletivo Quantificado (NCQG), centro das negociações, foi formalmente estabelecido, marcando um progresso, ainda que limitado, para garantir o financiamento climático necessário aos países em desenvolvimento. Apesar disso, as promessas de compromissos financeiros continuam insuficientes para enfrentar a emergência climática.
O NCQG prevê um aumento gradual nos fluxos financeiros globais destinados à mitigação e à adaptação climática, estabelecendo um novo patamar de US$ 300 bilhões anuais até 2035. No entanto, as lacunas permanecem em relação à clareza sobre fontes e mecanismos de financiamento, bem como na garantia de apoio efetivo a comunidades vulneráveis já afetadas pelos impactos do aquecimento global.
“Embora o acordo em Baku mantenha vivo o espírito do Acordo de Paris, ele está longe de atender à urgência da crise climática. Compromissos financeiros incrementais e lacunas em medidas concretas de mitigação deixam claro que há muito trabalho pela frente. O caminho para Belém será crucial para transformar este progresso modesto em ações significativas. O desafio agora é reconstruir a confiança, reformar as COPs e garantir que o próximo passo esteja à altura da ambição que o mundo exige“, declarou Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa.
Além do NCQG, foi aprovado o Objetivo Global de Adaptação (GGA). Porém, não houve decisão sobre o Programa de Trabalho sobre Transição Justa (JTWP), aquele que os sauditas teriam interferido. As discussões sobre a implementação dos resultados do Balanço Global (United Arab Emirates dialogue on implementing the global stocktake outcomes) também ficaram sem uma decisão. Serão levadas para a COP 30, no Brasil.
O foco agora se volta para a COP 30, que será sediada em Belém, no próximo ano. A presidência brasileira já sinalizou a intenção de priorizar discussões sobre financiamento e justiça climática, bem como de consolidar a missão global para limitar o aquecimento a 1,5°C. Será o momento de virada na história das COPs.
O sucesso em Belém dependerá da capacidade dos líderes globais de superar divisões e intensificar a ambição, garantindo que a transição energética e o financiamento climático avancem com a velocidade necessária para proteger o futuro do planeta.