Os lagos e rios são importantes agentes na dinâmica do aquecimento global. Os rios, por serem bastante movimentados, carregam em si uma quantidade de sedimentos e matéria orgânica. Quando chegam em lagos, esses materiais, que contêm carbono, se acumulam no fundo do corpo hídrico e são consumidos por microrganismos. Dessa forma, parte do carbono é ali armazenada, enquanto outra parte é emitida de volta para atmosfera.
Esse posto de sítio preferencial de carbono faz com que, por mais que sua área seja relativamente pequena (rios e lagos ocupam cerca de 4% da superfície terrestre), sejam de grande importância no combate ao aquecimento global.
Estudos indicam que o armazenamento de carbono orgânico dos lagos e reservatórios seja cerca de 20% do valor de carbono que emitem. Nesse sentido, eles assumem um grande papel de sumidouro desse elemento, impedindo a emissão dos principais gases do efeito estufa.
Um estudo demonstrou que há uma relação entre o papel dos rios e lagos com o aquecimento global na Amazônia. Os rios transportam os sedimentos vindos da floresta mais produtiva do mundo e aportam preferencialmente nos lagos. A partir daí, a maior parte dos sedimentos são depositados no fundo desses lagos, e parte do carbono ali presente ficará contida nos lagos.
Até mesmo os pequenos lagos encontrados na Amazônia são capazes de armazenar uma grande quantidade de carbono. Os lagos amazônicos armazenam uma média maior de carbono quando comparado com outros biomas. Segundo o estudo, esses lagos armazenam por volta de três a dez vezes mais do que as outras regiões, totalizando cerca de 79 milhões de toneladas de carbono por ano, o que equivale a 27% das emissões de carbono na atmosfera.
Esse sequestro de carbono impede que uma maior quantidade de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono (gás carbônico) e metano, sejam enviados para a atmosfera
Áreas degradadas e desmatadas acumulam cerca de três a dez vezes menos carbono do que em áreas preservadas, aumentando ainda mais a necessidade de preservação do meio ambiente no entorno dos corpos hídricos.
As mudanças climáticas mudam grande parte dos ciclos biogeoquímicos dentro dos lagos. Além de mudarem os ciclos hidrológicos de um determinado bioma, as mudanças climáticas são responsáveis por alterar radicalmente os ciclos biogeoquímicos dentro dos lagos.
Um estudo da revista Nature Climate Change indicou que os lagos podem responder de forma negativa para o cenário de mudanças climáticas, produzindo cerca de 9 a 61% a mais de CO2 e CH4 até 2100, sendo esse aumento próximo de 2,4–4,5 vezes maior em sedimentos tropicais do que em sedimentos boreais.
As consequências do aquecimento global para os ecossistemas aquáticos são alvo de estudos, tendo ainda, lacunas para serem preenchidas. Nos pólos, podemos ver o degelo das calotas polares e das geleiras continentais, que por consequência enviam água em estado líquido para os oceanos, aumentando o nível do mar.
Há também uma alteração na temperatura e nas correntes marítimas; mudanças na taxa de evaporação e precipitação nos diferentes ecossistemas; secas e tempestades mais severas; e perda de biodiversidade. Também existem mudanças específicas no ciclos biogeoquímicos em cada bioma, influenciando diversas comunidades biológicas.
Em ecossistemas de água doce, como lagos, lagoas e rios, esse aumento de temperatura pode desencadear algumas consequências negativas para a biodiversidade. Dentre elas está a diminuição do oxigênio dissolvido dentro desses corpos hídricos, dificultando a proliferação de vida nesses ambientes, causando a morte de diversos indivíduos, como peixes.
Relatórios da Rede WWF, mostram que águas mais quentes levam a uma menor taxa de reprodução, uma baixa quantidade de alimentos disponíveis e menos oxigênio para os peixes tanto de água doce quanto salgada. Isso impacta também diversas comunidades tradicionais que dependem desse recurso para a sobrevivência, dificultando sua preservação.
Também há diversos impactos socioambientais. Com a diminuição da disponibilidade de água para o consumo humano, há um aumento dos conflitos pela disputa de água doce, algo que já é perceptível nos dias atuais.
Com isso, é possível que cresça a disputa de países pelo controle de nascentes e pela captação de águas. Podemos dar como exemplo o embate entre Turquia com Iraque e Síria, onde há uma disputa pelo controle dos rios Tigres e Eufrates.
Então, visto as consequências dos corpos hídricos e da região em seu entorno, é necessário que medidas de preservação sejam tomadas, a fim de mitigar os impactos causados pelos seres humanos. Além disso é de suma importância que mais investimentos sejam direcionados para um tratamento eficaz e universal de esgoto, restauração de áreas degradadas, e um descarte mais consciente de resíduos por parte da população e das indústrias.
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