Ritmo circadiano: o que é e qual sua importância?

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Ritmo circadiano, popularmente conhecido como ciclo circadiano, do latim circa (cerca de) e diem (dia), é o período de 24 horas do dia sobre o qual o ciclo biológico de quase todos os seres vivos se baseia.

O ciclo circadiano é influenciado pela luz do Sol, temperatura, movimento das marés, ventos, dia e noite. Ele regula a atividade física, química e psicológica do organismo, influenciando a digestão, o ciclo de sono-vigília, a pressão arterial, a regulação das células e a temperatura corporal. Além do “relógio mestre” localizado no cérebro, especificamente, no Núcleo Supraquiasmático (NSQ).

Tipos de ritmos biológicos

Existem quatro tipos de ritmo biológico:

  • Ritmo circadiano: o ciclo de 24 horas, que inclui ciclos fisiológicos e comportamentais, como dormir;
  • Ritmo diurno: o ritmo sincronizado com o dia e a noite;
  • Ritmo ultradiano: “relógio” biológico interno com um período mais curto e frequência maior que o ritmo circadiano;
  • Ritmo infradiano: ritmo biológico que dura mais de 24 horas, como um ciclo menstrual.

O ritmo circadiano regula fatores como:

  • Horário de sono
  • Apetite
  • Temperatura corporal
  • Níveis hormonais
  • Estado de alerta
  • Pressão sanguínea
  • Metabolismo

Fatores externos que podem afetar o ritmo costumam ser a exposição à luz azul de aparelhos eletrônicos como celulares e computadores em horários inadequados, drogas e cafeína. Isso se dá pois esses fatores influenciam a produção de melatonina, o hormônio do sono. 

Alteração no ritmo circadiano

Alguns distúrbios decorrem de alterações no ritmo circadiano, incluindo:

  • Distúrbios do sono: o corpo é “programado” biologicamente para dormir durante a noite. Interrupções nos ritmos naturais do organismo podem prejudicar o sono, causando distúrbios como insônia ou sonolência excessiva;
  • Disritmia circadiana (jet lag): um distúrbio no ritmo circadiano causado por viagens durante a noite ou através dos fusos horários;
  • Transtornos do humor: a falta de exposição ao sol pode levar a condições como depressão, transtorno bipolar e transtorno afetivo sazonal (TAS);
  • Transtornos de trabalho: quando uma pessoa trabalha fora do dia típico de trabalho, ou quando trabalha durante a noite, causando mudanças no ritmo circadiano.

Consequências das alterações no ritmo circadiano

A desregulação no ritmo circadiano pode causar problemas como:

  • Ansiedade
  • Sonolência diurna
  • Depressão
  • Menor desempenho no trabalho
  • Maior propensão a acidentes
  • Falta de agilidade mental
  • Aumento do risco de obesidade e diabetes

Alguns dos erros humanos mais significativos do mundo aconteceram durante o trabalho noturno. Exemplos emblemáticos incluem o desastre de Chernobyl e o acidente na Three Mile Island.

Desregular os horários biológicos prejudica o desempenho do organismo. Do ponto de vista biológico, o corpo é feito para acordar cedo todos os dias e dormir durante a noite. É por isso que a humanidade não tem adaptações como visão noturna e olfato e audição aprimorados como os dos animais noturnos.

Quem tem maior risco de desenvolver distúrbios do ritmo circadiano?

Aqueles que fazem turnos de trabalho alternados ou que trabalham fora do período normal (das 9h às 17h) do dia podem ter um maior risco de desenvolver distúrbios do ritmo circadiano. Exemplos de profissões que envolvem trabalho com turnos alternados incluem:

  • Profissionais de saúde;
  • Motoristas, pilotos e outros do transporte;
  • Preparadores e servidores de alimentos;
  • Policiais;
  • Bombeiros.

Uma pesquisa descobriu que apenas 63% dos trabalhadores sentem que seu trabalho lhes permite dormir o suficiente. A mesma pesquisa também mostrou que de 25% a 30% dos trabalhadores que trabalham em turnos alternados têm episódios de sonolência excessiva ou insônia.

Outros grupos de pessoas que correm o risco de desenvolver distúrbios do ritmo biológico incluem pessoas que viajam através dos fusos horários com frequência ou que moram em lugares que não têm tantas horas de luz durante o dia, como o Alasca.

Como diagnosticar distúrbios do ritmo circadiano

Para haver o diagnóstico adequado de distúrbios do ritmo biológico é preciso consultar uma médica ou médico, que normalmente fará as seguintes perguntas:

  • Quando você notou seus sintomas pela primeira vez?
  • Existem atividades que pioram seus sintomas? Ou que melhoram?
  • Como seus sintomas afetam você?
  • Quais medicamentos você está tomando?

Como tratar os distúrbios do ritmo circadiano

Os tratamentos para distúrbios do ritmo circadiano variam de acordo com cada caso. Sintomas de jet lag, por exemplo, geralmente são temporários e não precisam de tratamento médico.

Mas nos casos de distúrbios do ritmo causados por trabalhos insalubres, transtornos mentais e mudanças no estilo de vida, um tratamento médico pode ajudar a garantir melhor qualidade de vida.

Pesquisas sobre manipulação do ritmo circadiano têm obtido avanços significativos que podem ajudar no tratamento dos distúrbios.

Um estudo do Instituto de Biomoléculas Transformativas da Universidade de Nagoya constatou a existência de dois compostos que prolongam o período do ciclo circadiano.

Uma das descobertas dos pesquisadores, ao realizarem diversos experimentos, foi que ao colocar isômeros expostos a luzes de cores diferentes, foram observadas oscilações no prolongamento do ritmo circadiano.

Além disso, eles conseguiram produzir um método reversível para controlar o período do ritmo. Assim, espera-se que essas descobertas contribuam cada vez mais para o tratamento de problemas, como os distúrbios do sono.

Como se prevenir de distúrbios do ritmo circadiano

Foto de Zac Durant na Unsplash

Entender os distúrbios do ritmo biológico pode ajudar a identificar e a lidar com os seus sintomas. Mas mais importante é preveni-los tomando algumas providências como:

  • Evitar substâncias que afetam o sono pelo menos após as 16h, incluindo cafeína, álcool e nicotina;
  • Consumir bebidas frias, como chá gelado ou água;
  • Manter um horário regular de sono sempre que possível;
  • Se expor à luz natural do sol;
  • Evite praticar exercícios físicos durante a noite, o que geralmente atrasa a fase circadiana, o que significa que pode tornar mais difícil adormecer à noite e acordar de manhã;
  • Tirar sonecas de dez a 15 minutos depois do almoço;
  • Se estiver dentro de casa durante o dia, abrir as janelas e, se necessário, ligar as luzes;
  • Evitar luzes artificiais ao entardecer e durante a noite, antes de dormir, principalmente a luz azul (aquela dos celulares, computadores e lâmpadas LED brancas, por exemplo).
Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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