Para a limpeza da casa, costumamos usar diversos produtos e, entre eles, está o sabão em barra. Você já se perguntou como ele é fabricado e como ele funciona?
Antes de mais nada, devemos entender como funcionam os sabões em geral. Todos eles possuem substâncias denominadas tensoativas, que diminuem a tensão formada entre dois líquidos.
O sabão tem o papel de limpeza por consegue interagir tanto com substâncias polares (água) quanto com as apolares (sujeira). Assim, ocorre a formação da micelas, gotículas de gordura aprisionadas por moléculas de sabão. Este processo de formação de micelas recebe o nome de emulsificação. Desse modo, elementos como a água e o óleo perdem a capacidade de se manterem separados. Não é à toa que costumamos usar o produto para limpeza em geral. Agora sim, vamos às especificidades do sabão em barra:
Os sabões são produzidos a partir da reação de gorduras e óleos com uma base (geralmente hidróxido de sódio ou de potássio) dando origem a um sal de ácido carboxílico, que é o sabão, e o glicerol, da família do álcool (conhecido popularmente como glicerina). Esse processo recebe o nome de saponificação. A ideia descrita segue o seguinte esquema:
ÓLEO OU GORDURA + BASE –> GLICEROL + SABÃO
O pH do produto final depende do processo. Se reação de saponificação for completa, toda a base empregada foi consumida e assim o sabão terá um pH próximo ao neutro. Em virtude disso, após a fabricação do sabão, é feito o processo de cura que dura de 45 à 60 dias.
No caso do sabão em barra, o interessante é observar o tensoativo e as matérias-primas. Elas são biodegradáveis, isto significa que o sabão pode ser degradado facilmente pela natureza por micro-organismos, mas não significa que ele não é poluente também. O glicerol ou glicerina proveniente da reação pode ou não ser retirada do produto final pelo seu valor comercial, mas quando presente, ela garante uma hidratação maior para a pele. A grande maioria dos sabões disponíveis retiram a glicerina após o processo de saponificação.
Esta é uma vantagem dos sabões em relação ao detergente, pois quando a glicerina está presente, eles agredirem menos a pele. Porém, os sabões em barra possuem menor poder tensoativo que os detergentes, sendo mais fracos na limpeza.
A fabricação de sabão pode ser feita por dois processos: cold process e hot process. Ambos requerem cuidados com a base, pois ela é corrosiva, então deve-se utilizar equipamentos de segurança como luvas, óculos e máscaras.
Sabões alcalinos são mais eficientes que os próximos da neutralidade. Seu poder de limpeza é maior devido ao aumento de interações que realizam com as partículas de sujeira que queremos remover. Por outro lado, a alcalinidade excessiva pode causar riscos. Normalmente, sabões destinados a limpeza doméstica possuem um pH mais alcalino, por conta disso não é aconselhável utilizar qualquer sabão para higienização diária da pele.
Outro fator importante é a espuma, que nem sempre é sinal de limpeza. Muitas vezes as indústrias de produção de sabões podem adicionar espessantes ao produto final. Essas substâncias aumentam a produção de espuma, mas não aumentam o poder de limpeza do produto.
Sempre devemos dar preferência aos produtos que usam componentes renováveis. Quanto mais artesanal o produto, potencialmente menor a agressão ao meio ambiente. Os sabões comerciais encontrados no mercado são fabricados para serem baratos e para terem uma validade prolongada. Por conta disso, são adicionadas outras substâncias. Então, nada como fazer o próprio sabão (saiba “Como fazer sabão caseiro sustentável“). Assim, além de aproveitar o óleo velho usado de casa, ainda conseguimos usar um produto que temos certeza do que é feito e com menos aditivos, além de demandar menos do sistema de tratamento de esgoto.
No meio ambiente os sabões podem causar um processo conhecido como eutrofização, que gera grandes problemas para os corpos hídricos e a vida aquática. Outro problema é a alcalinidade excessiva de alguns sabões e a formação de espuma. O primeiro deve-se ao sabão ter um pH mais elevado para sua eficácia na limpeza e, quando lançado no esgoto, pode contribuir para a alteração das características naturais da água do corpo receptor. O segundo gera um problema na oxigenação da água, pois a espuma branca na superfície impede a passagem de luz, dificultando a fotossíntese. Por isso, sempre que possível, evite o uso do sabão, busque alternativas de limpeza com produtos caseiros e igualmente eficientes, como por exemplo o vinagre e o bicarbonato de sódio.
Para saber mais sobre os impactos de sabões e detergentes no meio ambiente, clique aqui.
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