Em 2017, um grupo de pesquisadores descobriu que o verme da cera, fase inicial da traça da cera, é capaz de reduzir o plástico. Embora a pesquisa tenha aberto portas para a discussão de seu possível uso no tratamento de plásticos reciclados, cientistas não conseguiram apontar o motivo específico dessa redução. Porém, uma pesquisa recente publicada pelo Conselho Nacional de Pesquisa da Espanha (CSIC) observou que essas mudanças são proporcionadas por uma enzima encontrada na saliva dos animais.
A enzima em questão é pertencente à família das fenoloxidases e contribui para a degradação do polietileno — material usado na confecção de sacolas plásticas — em temperatura ambiente.
Essa, entretanto, não é a primeira vez que cientistas observam essa característica em organismos vivos. No Japão, por exemplo, um estudo comprovou que micróbios se alimentam de garrafas PET. Foi relatado que essas bactérias passam por um processo de evolução em resposta ao aumento da poluição de plástico do mundo. A partir dessa evolução, os microrganismos criaram enzimas que reduziam o plástico PET em materiais ambientalmente benignos.
O diferencial entre ambas as enzimas é o fator ambiental em que elas podem reduzir o plástico. Na pesquisa conduzida pela CSIC, representantes do estudo alegam que essa é a primeira e única enzima capaz de reduzir polietileno sem um tipo de pré-tratamento.
Eles explicam que durante o processo de degradação do plástico, o oxigênio deve penetrar os polímeros, ocorrência conhecida como o primeiro passo na oxidação. Porém, a oxidação só é possível, na maioria das vezes, com o auxílio de altas temperaturas ou exposição solar — motivo pelo qual o plástico leva tanto tempo para se decompor. As enzimas presentes na saliva do verme da cera, contudo, conseguem oxidar o plástico sem auxílio externo.
Diferentemente dos micróbios que se alimentam do plástico e o reduzem por processos metabólicos, a enzima presente no invertebrado possui duas proteínas que são capazes de reproduzir o processo de oxidação — chamadas Demetra e Ceres.
Ainda interessados nesse processo, os cientistas da pesquisa criaram uma teoria do porquê essas enzimas funcionam desse jeito. De acordo com eles, isso pode ter uma relação com o fenol. O fenol é um componente presente nas plantas que auxilia em sua proteção contra insetos e outras possíveis pragas. Desse modo, os animais produzem a enzima como uma resposta ao componente, neutralizando-o para que sua alimentação seja possível.
Baseando-se nessa teoria, é possível acreditar que a redução do plástico pode derivar do mesmo processo. Porém, por ser apenas uma teoria, o grupo não descarta a possibilidade de que esse processo é desencadeado pela evolução do verme da cera, similarmente aos micróbios da pesquisa do Japão.
Mais pesquisas deverão ser feitas para que o uso do verme da cera possa ser introduzido no tratamento do plástico, porém, especialistas acreditam que o resultado do estudo é promissor e tem o potencial de alavancar o processo biológico da degradação do material.
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