Satélites da Starlink, de Elon Musk, estão vazando radiação, alertam especialistas

Compartilhar

Em um novo estudo, publicado pelo jornal Astronomy & Physics, pesquisadores evidenciam que satélites da Starlink, empresa fornecedora de internet, estão vazando radiação eletromagnética. A descoberta foi feita através do uso de um conjunto de radiotelescópios localizado na Holanda, chamado Low-Frequency Array (LOFAR), para a observação de 68 satélites da companhia. 

Os especialistas detectaram emissões de radiação dos satélites à deriva além de suas bandas de frequência designadas no espaço.

Poluição eletromagnética: o que é e impactos

A Starlink é um serviço criado pela SpaceX, ambas do empresário Elon Musk. Fundada em 2019, a Starlink é responsável por oferecer um serviço de internet via satélite para seus clientes, contando com a operação de 40 mil satélites localizados através de grande parte da órbita terrestre. 

Desde a sua fundação, a empresa é criticada por especialistas por seu potencial impacto na atmosfera e no estudo espacial. No entanto, a própria Starlink minimizou essas preocupações. 

Em seu site oficial, a companhia se autodenomina “líder em sustentabilidade espacial”, com tecnologias capazes de reduzir o brilho dos satélites e, também, a redução de detritos em órbita. 

Porém, de acordo com a nova pesquisa liderada pelo Dr. Federico Di Vruno, co-diretor do Centro da União Astronômica Internacional para a Proteção do Céu Escuro e Silencioso, os satélites da Starlink estão interferindo nas pesquisas espaciais.

Anteriormente à descoberta, cientistas mantinham a teoria de que os satélites da empresa estariam emitindo ondas de rádio não intencionais fora dessa banda. E, através do uso do LOFAR, a hipótese foi confirmada. 

“Com o LOFAR, detectamos radiação entre 110 e 188 MHz de 47 dos 68 satélites observados. Essa faixa de frequência inclui uma banda protegida entre 150,05 e 153 MHz, especificamente alocada para radioastronomia pela União Internacional de Telecomunicações (ITU)”, diz o coautor Cees Bassa, do ASTRON, Instituto Holandês de Radioastronomia.

Acredita-se que esses vazamentos não sejam intencionais e que são provenientes da eletrônica dos satélites. Até então, o seu uso não quebra nenhuma violação espacial, uma vez que satélites de comunicação não são regulamentados. Entretanto, possuem um impacto substancial na área de pesquisas espaciais. 

Futuro das viagens espaciais? Teste com satélite que se move por meio da luz solar é bem-sucedido

“Isso é importante por causa do número. Suponha que haja um satélite no espaço que emita esse tipo de sinal, há uma chance muito, muito pequena de que esse satélite esteja no feixe, no local principal, do seu telescópio. Mas se os números começarem aumentar, a probabilidade de isso acontecer se todos os satélites forem semelhantes começa a aumentar”, disse o Dr. Di Vruno à ABC News.

Os satélites, como os da Starlink, podem criar obstáculos em estudos dentro da radioastronomia, uma vez que suas transmissões de rádio podem abafar sinais cósmicos, dificultando a análise de dados e comprometendo a integridade científica das observações realizadas.

Felizmente, a solução já foi sugerida por especialistas da Starlink. Quando contatados pelos pesquisadores, representantes da empresa confirmaram que já estão trabalhando em maneiras de reduzir ou remover esse vazamento não intencional.

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.

Saiba mais