Savanização é o processo irreversível de transformação de áreas ocupadas por densa vegetação em desertos parciais. Ele tem como principal agente a ação humana, especialmente na Amazônia.
O fenômeno foi descoberto pelo pesquisador brasileiro Carlos Nobre, na década de 90. Mais tarde, a bióloga Lilian Sales, também brasileira, descobriu que a savanização é responsável por significativa alteração na ocorrência de espécies de fauna.
A pesquisadora define esse fenômeno como o processo de conversão de várias florestas tropicais em savanas derivadas.
A savanização ocorre principalmente por meio de processo de degradação da vegetação. Alguns exemplos incluem o plantio de monoculturas, processos de desmatamento e queimadas. Em um estudo, o pesquisador Bernardo Monteiro Flores mostrou que há duas principais causas da savanização da Amazônia: a expansão da fronteira agrícola ao redor do bioma — que ele chama de “arco do desmatamento” —, e um processo de savanização que parte do centro da Amazônia, bem longe da fronteira agrícola e gerado principalmente por conta de incêndios.
Mas ela também é influenciada pelas mudanças climáticas e aquecimento global (aumento de temperatura), mudanças no regime de chuvas e alteração da paisagem. Essas alterações podem ser exemplificadas pelos ravinamentos (formação de sulcos no solo) no domínio dos mares de morros decorrentes da atividade cafeeira desenvolvida no século passado no Brasil.
O processo de savanização brasileira a partir do desmatamento da Amazônia é causador de preocupação na comunidade ambientalista e científica. Ele foi observado pela primeira vez pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Carlos Nobre, pesquisador brasileiro Carlos Nobre do instituto. O pesquisador notou que a floresta amazônica estava sendo substituída por uma vegetação semelhante à do Cerrado brasileiro.
Alguns anos mais tarde, uma pesquisa realizada pela cientista Lílian Sales revelou que o processo pode ter impactos profundos na ocorrência de fauna.
A bióloga chamou atenção para o fato de que as espécies de vertebrados das regiões de transição entre florestas e savanas serão, cada vez mais, substituídas por espécies de savana aberta. Ela denominou esse processo como “savanização faunística“.
Em um modelo de projeção matemática, Lílian mostrou que haverá um aumento em 11% e 30% das espécies de savana nas florestas de mata atlântica. Enquanto isso, a ocorrência daquelas espécies que dependem de florestas densas cairá pela metade.
Esse processo já é observado. Uma pesquisa registrou 22 ocorrências inesperadas do lobo-guará – animal típico de savana – na Amazônia nos últimos 25 anos.
O bioma amazônico era limite para a ocorrência do lobo-guará. Porém, a ocupação humana nas bordas do Cerrado tem causado sérias modificações na paisagem natural. Isso devido a substituição da vegetação de floresta úmida nativa por pasto e monocultura de grãos.
Assim, a região se tornou o local propício para a propagação de espécies típicas da savana. Como a lobeira, ou fruto-do-lobo (Solanum lycocarpum). O fruto-do lobo, por sua vez, é uma espécie de tomate selvagem fundamental para a dieta do lobo-guará. Ela também é um dos motivos para sua ocorrência em territórios atípicos.
Além disso, acredita-se que o aumento de temperatura resultante da savanização da Amazônia e do aquecimento global pode oferecer risco extremo à saúde humana, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz.
A pesquisadora Lílian Sales defende que, para mitigar a savanização da Amazônia é preciso tomar uma série de ações que, em boa medida, dependem de esforços políticos para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Entre elas, estão o reflorestamento, a criação de corredores ecológicos, a recomposição de matas ciliares e o cumprimento da legislação ambiental.
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