Seca e El Niño agravam queimadas na Amazônia, aponta estudo

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O impacto das secas severas, agravadas pelo fenômeno climático El Niño, tem deixado a Amazônia em estado alarmante, aumentando drasticamente o risco de incêndios florestais e colocando em evidência a vulnerabilidade da floresta. Pesquisadores utilizaram imagens de satélite e dados de queimadas para criar uma ferramenta que pode auxiliar em estratégias de prevenção, enquanto estudos destacam o papel essencial das águas subterrâneas na sobrevivência da vegetação em períodos críticos.

As condições de seca extrema atingem diferentes camadas de umidade na região amazônica, desde o solo superficial até as águas subterrâneas, estas últimas especialmente afetadas. Secas consecutivas retardam a recuperação desses reservatórios, essenciais para a vegetação em tempos de estiagem prolongada. Durante eventos de El Niño, como os registrados entre 2015 e 2016 e atualmente em 2023/2024, áreas inteiras enfrentaram redução significativa de umidade, tornando-se mais suscetíveis a incêndios. Dados recentes revelam que 2024 já ultrapassou recordes, com mais de 132 mil focos de incêndio até novembro, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Além de eventos climáticos extremos, atividades humanas, como desmatamento e práticas agrícolas, servem como ignição para os incêndios, alterando drasticamente a dinâmica da vegetação. Um estudo conduzido pelo Instituto de Geociências da USP identificou que as áreas mais afetadas estão localizadas no nordeste da bacia amazônica, onde as condições de seca e a presença de ações antrópicas se combinam de forma devastadora.

O fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico, afeta padrões climáticos globais e está se tornando mais frequente e intenso devido às mudanças climáticas. Estudos indicam que a floresta, em períodos de seca extrema, depende fortemente das águas subterrâneas, o que coloca em risco especialmente árvores menores, incapazes de acessar recursos hídricos mais profundos.

Com base na pesquisa, uma equipe de cientistas desenvolve um sistema de alerta adaptado à Amazônia, combinando indicadores meteorológicos e hidrológicos. Essa ferramenta tem potencial para mitigar incêndios ao monitorar níveis de água subterrânea e identificar áreas em maior risco. Embora o foco esteja inicialmente na floresta amazônica, o modelo pode ser aplicado em outros ecossistemas.

A pesquisa, publicada na revista Science of the Total Environment, também aponta que 68% dos incêndios na Amazônia Ocidental entre março de 2023 e fevereiro de 2024 foram impulsionados por secas prolongadas ligadas ao El Niño, com os 32% restantes atribuídos a ações humanas, como desmatamento e fragmentação de paisagens naturais.

Estudos dessa natureza evidenciam a urgência de integrar dados climáticos e hidrológicos para a gestão ambiental e o combate a incêndios. As descobertas não apenas oferecem novas ferramentas para o manejo sustentável da floresta, mas também alertam sobre os impactos das mudanças climáticas globais em ecossistemas sensíveis como a Amazônia.

Equipe eCycle

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