A seda fermentada é um material sintético produzido a partir de uma proteína e que é inspirado na seda de aranha — uma fibra de proteína formada pelos aracnídeos que compõem as suas teias. Mesmo com essa inspiração, o material não contém nenhum subproduto de origem animal em sua composição, tornando-o vegano.
Criada a partir da Brewed Protein™ (proteína fermentada), um produto da startup japonesa Spiber, a seda fermentada faz parte de um grupo de materiais têxteis veganos e sustentáveis. A marca foi fundada com a missão de contribuir para o bem-estar sustentável por meio da “Circulação da Biosfera” — um modelo em que apenas materiais da biosfera terrestre são utilizados na confecção de seus produtos, como o açúcar e a proteína.
A proteína fermentada é produzida por uma sequência única de aminoácidos, que é sintetizada pela própria marca. Após esse processo, ela é encaminhada para um processo de fermentação microbiana, onde o polímero da proteína é extraído, purificado e processado em diversos outros materiais — como a seda fermentada.
Um dos primeiros usos da seda fermentada ocorreu na confecção de uma jaqueta à prova d’água da marca The North Face. O primeiro protótipo da peça foi criado em 2015, porém, teve que ser redesenhado, uma vez que a exata réplica da seda fermentada da Spiber absorvia água.
Porém, a sintetização de proteínas feita pela marca possibilitou que o material fosse modificado. Desse modo, eles foram capazes de criar uma seda hidrofóbica, que serviu para a confecção da jaqueta idealizada pela The North Face.
A seda é feita naturalmente por bichos-da-seda, que a produzem através de uma secreção que é liberada por glândulas localizadas na cabeça do inseto com o objetivo de formar um casulo que abriga as lagartas até que se transformem em mariposas.
Na produção em massa desse material, os bichos-da-seda são “domesticados” e criados em fazendas. Quando esses animais entram na fase de pupa, após finalizarem seus casulos, eles são colocados em água fervente, o que os mata e possibilita a extração da seda.
Apesar do sistema nervoso dos insetos ser diferente dos mamíferos, acredita-se que eles também são capazes de sentir dor. Uma pesquisa realizada em 2022, por exemplo, concluiu que abelhas são capazes de processar o sentimento, o que possibilita a compreensão do sistema nervoso de outros insetos.
Assim, a seda é um produto do sofrimento animal, onde esses pequenos insetos são explorados por seus casulos, que são transformados em materiais têxteis para o uso humano. Desde a aparição do material, novas empresas buscam técnicas de produção para um substituto de seda, como a própria seda fermentada, que é inteiramente vegana.
Especialistas acreditam que as indústrias têxtil e da moda estão passando pelo mesmo processo que a indústria alimentícia — onde novos produtos veganos são criados para cessar a necessidade de exploração animal dentro do consumo humano. Além do aumento de um público consciente sobre o sofrimento animal na produção de couro, seda e outros materiais, outro motivo também é responsável pelo crescimento dessas indústrias — a insustentabilidade por trás delas.
A própria seda, por exemplo, é um produto que necessita de muita energia para ser fabricado, uma vez que as fazendas de bichos-da-seda precisam de temperaturas e umidades específicas. Além disso, outros fatores como o uso de água também contribuem para a insustentabilidade do material.
Dentro disso, é necessário abrir o espaço para indústrias inovadoras que promovem a criação de materiais como a seda fermentada, que além de poupar os animais, também é feito de modo sustentável, evitando o máximo de danos ambientais possíveis dentro de sua confecção.
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