Seres humanos precisam abrir espaço para animais recuperados de extinção recolonizarem terra e mar

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A espécie mais rara de leão marinho, o leão-marinho-da-nova-zelândia, está voltando e precisa ser reintroduzido em seu habitat natural. Porém, as mudanças urbanas e locação de humanos em áreas que antes eram inabitadas estão criando alguns empecilhos para que isso aconteça. 

Leões marinhos foram acidentalmente esfaqueados, baleados, espancados e atingidos por carros nos últimos tempos. Além disso, cercas e estradas interrompem e impedem o seu movimento em terra. 

As fêmeas da espécie se locomovem cerca de 1,5 quilômetros para o continente na época de reprodução, escapando das condições árduas da costa para cuidar de seus filhotes. Em alguns casos, esses animais conseguiram se adaptar para sobreviver em florestas comerciais de pinheiros. Atualmente, cerca de 20 filhotes de leão marinho nascem em terra. 

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A espécie entrou em extinção por conta de seu pelo e carne, que eram objetos de caça por muito tempo. É estimado que nos últimos 150 anos, esses animais só eram encontrados em áreas remotas e ilhas subantárticas da Nova Zelândia. Hoje, a sua população alcança 12 mil animais. 

A Conferência da Biodiversidade da ONU (COP 15) acontecerá na China entre 25 de abril e 8 de maio de 2022 e promete abranger o tema da reinstalação de animais em recuperação de extinção. O objetivo é abrir espaço para que animais como o leão marinho, baleias e tubarões consigam prosperar. 

Quando espécies recolonizam áreas ou mudam de habitat, modelos preditivos são feitos para determinar possíveis locais de estabelecimento. Porém, os modelos tradicionais não incluem quando ou onde esses animais podem entrar em contato com seres humanos por conta da constante mudança local.

Por isso, uma pesquisa publicada em 2021 considerou essas condições e cientistas criaram um “banco de dados de modelo de distribuição de espécies integradas”. Com ajuda do modelo, especialistas encontraram 395 possíveis locais de reprodução para leões marinhos na Nova Zelândia. 

A pesquisa pode ser essencial para o futuro da espécie, auxiliando gestores de vida selvagem a procurarem e cuidarem de leões marinhos. Além disso, é possível que a tática ajude a conscientizar a população da existência desses animais, o que evita possíveis acidentes futuros, como atropelamentos. 

Algumas espécies de animais são recebidas mais “abertamente”. As baleias, por exemplo, foram restabelecidas nas Ilhas Malvinas depois de sua caça constante durante os anos 1800. Por outro lado, as reaparições de tubarões pela costa dos Estados Unidos são relatadas com alarde. 

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A população local precisa ser conscientizada e educada sobre a aparição desses animais, tanto para evitar acidentes envolvendo ataques de tubarão, como para respeitar o restabelecimento desses animais no ecossistema. 

A recuperação de animais antes ameaçados de extinção é um motivo para comemorar. Programas preditivos e outras iniciativas científicas para garantir a segurança das espécies são essenciais. Além disso, a sua interação com seres humanos é esperada e precisa ser entendida e analisada pela população. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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