Por Jornal da USP | Foi lançado terça, dia 28 de junho, o primeiro episódio de uma série animada produzida para desmistificar tabus, escassez de dados e desinformação sobre a menstruação entre estudantes dos ensinos fundamental e médio. Chamada MenstruAÇÃO, a série foi feita por uma parceria entre o Programa USP Diversidade, a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) e o Instituto Cultural Barong, organização que atua pelos direitos humanos das pessoas afetadas pela Aids. As animações estarão disponíveis semanalmente no Canal do USP Diversidade no Youtube, por enquanto há o primeiro episódio.
O projeto conta com a participação de dois professores, dois pós-graduandos e cinco alunos de graduação. Foram produzidos vídeos animados utilizando ilustrações e comunicação com o objetivo de criar conexão, humanizar e traduzir para informações simples que possam ser utilizadas no dia a dia, em uma série de episódios que abordam conteúdos sobre o contexto multidimensional da menstruação.
Serão abordados pela personagem na série de vídeos animados: dignidade íntima, preconceito, tabus, anatomia dos órgãos sexuais e urinário, ciclo menstrual e ovulação, tensão pré-menstrual, cólica menstrual, saúde íntima (probióticos, lactobacilos, cheiro e cor menstrual, alimentação), higiene menstrual (higienização dos órgãos genitais externos, sabonete íntimo, líquido e em barra, ducha íntima, desodorante íntimo, lenço umedecido, perfume, protetores diários, lubrificantes, gel), insumos menstruais (absorvente externo, absorvente interno, coletor menstrual, disco menstrual, cápsula esterilizadora, absorvente de algodão reutilizável, calcinha absorvente), gravidez, infecções (síndrome choque tóxico, infecções sexualmente transmissíveis, vaginose bacteriana, infecção fúngica), entre outros.
“A saúde, os direitos menstruais e a resposta à pobreza menstrual, que afetam negativamente parte importante das pessoas que menstruam no País, são temas que impactam o desenvolvimento da sociedade e têm assumido magnitude nacional e internacional”, afirma a professora Ana Paula Morais Fernandes, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, que coordenou o projeto. “A pobreza menstrual é um fenômeno complexo, multidimensional e transdisciplinar”, argumenta ela.
Clique no player para conferir o primeiro episódio:
Direito à dignidade
No Brasil, crianças e adolescentes que menstruam têm violados seus direitos à educação de qualidade, moradia digna e saúde, incluindo a sexual e reprodutiva. Conforme o relatório Pobreza Menstrual no Brasil – Desigualdades e Violações de Direitos, publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de 60% das adolescentes e jovens que menstruam já deixaram de ir à escola por causa da menstruação. “A menstruação é uma condição perfeitamente natural que deve ser mais seriamente encarada pelo poder público e as políticas de saúde. Quando não permitimos que uma menina possa passar por esse período de forma adequada, estamos violando sua dignidade”, afirma a representante da Unicef no Brasil, Florence Bauer.
A psicóloga, historiadora e sexóloga Regiane Garcia, diretora institucional do Barong, concorda. “Falar de menstruação, de saúde íntima, abordar essas questões com alunos do ensino médio, com adolescentes, com jovens, é empoderar cada vez mais essa mulher pra conhecer sua sexualidade e conseguir ter uma atitude mais proativa com relação à sua saúde sexual, à prevenção, ao cuidar-se e até para negociar com o parceiro, com a parceira, em algum momento, métodos para se prevenir, métodos contraceptivos e atitudes frente a vida”, afirma.
A animação também pretende abordar questões como as do transexual masculino Dan Kaio Lemos. “A primeira dificuldade de um homem trans está em entender essa questão que é colocada culturalmente como ‘quem menstrua são mulheres’. Isso gera uma disforia muito grande, podendo gerar até mesmo o auto-ódio, repúdio ao próprio corpo, fazendo com que esse corpo sofra não só de dores psicológicas, mas na própria estrutura física, ou seja, esse processo de rejeição a esse corpo impede muitas vezes de acessar a saúde, impede muitas vezes de cuidar desse corpo”, explica.
Na USP, o projeto conta com a participação das professoras doutoras Ana Paula Morais Fernandes e Silvana Maria Quintana, das doutorandas Jamile Argolo Malta e Talita Morais Fernandes, das alunas de graduação Lariane Angel Cepas (enfermagem), Esther Santana (design) e Andressa Licka Shimizu (design), e dos alunos de graduação Daniel Bonani (enfermagem), Filipe Oliveira (audiovisual) e João Alexandre (design). Do Instituto Barong, participam a psicóloga, sexóloga e historiadora Regiane Garcia, a artista plástica Adriana Bertini, ambas diretoras da ONG, o jornalista Paulo Giacomini e o estrategista de mídias sociais João Geraldo Netto, na assessoria de comunicação.
Acompanhe o lançamento dos próximos episódios no Facebook do USP Diversidade e no Canal do USP Diversidade no Youtube.
Texto adaptado da Assessoria de Comunicação do Instituto Barong
Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.
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