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Entenda o que é “shifting realities” e como esse fenômeno é explicado por profissionais da saúde mental

Shifting” ou “shifting realities” é um termo usado para descrever a prática em que indivíduos tentam mudar sua consciência ou percepção para realidades alternativas por meio de técnicas como a meditação e a visualização. Embora tenha sido popularizado em 2020, o conceito da prática já vem sendo explorado desde a década de 70

Não é atoa que o shifting voltou à consciência pública em 2020. Em meio à pandemia de Covid-19, milhares de pessoas buscaram por alguma coisa capaz de desligá-los da realidade. E, enquanto alguns voltaram à hobbies tangíveis, outros decidiram tentar literalmente abandonar a nossa realidade atual — ou current reality — para viver em mundos fantásticos e utópicos. 

No entanto, desde a renascença da técnica, muitos questionamentos começaram a surgir. Algumas pessoas questionam a veracidade de relatos de shifting ou como realizá-lo. E, por outro lado, outros continuam céticos sobre a possibilidade de trocar de realidades ou até mesmo da existências de outra realidade. 

Devido à exposição midiática de shifting, alguns profissionais tentaram responder esses questionamentos. Porém, se a técnica realmente possibilita a viagem entre realidades continua um mistério. 

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O multiverso e as práticas de shifting 

Uma explicação central defendida por alguns praticantes de reality shifting sobre o porquê de seu funcionamento é baseada na teoria do multiverso. Essa que foi defendida pela primeira vez pela interpretação de muitos mundos da mecânica quântica do físico Hugh Everett III. 

As teorias do multiverso estão enraizadas em extrapolações da cosmologia moderna, teoria quântica e teoria da relatividade. Elas levantam a hipótese da existência de diversos universos com diferentes conjuntos de baixa energia presentes em nosso mundo. Compondo, assim, uma rede infinita de diferentes realidades coexistindo simultaneamente. 

Contudo, a teoria quântica do multiverso não explica exatamente o que é proposto por defensores de shifting. Diferentemente do que propõe o multiverso, a prática inclui a criação de novas realidades. Essas idealizadas pelos praticantes através de roteiros organizados e diferentes técnicas capazes de mudar a consciência do ser humano entre elas. 

Além disso, muitas dessas técnicas são enraizadas em áreas distantes da física quântica. E, em vez disso, da meditação e outras práticas comuns na saúde mental. 

Métodos 

Como retratado em redes sociais por praticantes, uma pessoa se prepara para “shiftar” usando meditações de atenção plena, áudios subliminares e afirmações. Isso além de criar um roteiro detalhado da realidade desejada para a qual desejam mudar. Roteiros que incluem detalhes sensoriais, emoções e eventos específicos que desejam vivenciar.

Alguns dos métodos descritos por usuários incluem: 

  • Método Alice no País das Maravilhas. O usuário se visualiza caindo pela toca do coelho até a sua realidade desejada — ou “desired reality” (DR). 
  • Método Raven. A pessoa deita-se na posição de estrela do mar e conta até 100. Isso enquanto escuta áudios subliminares, recitando afirmações positivas entre os números.
  • O Método do Travesseiro. A pessoa escreve afirmações em um pedaço de papel e as repete antes de dormir. Certificando-se de dormir com o papel embaixo do travesseiro.
  • Elevador. No método do elevador, os indivíduos devem se imaginar em um elevador indo para a sua “DR” — localizada no último andar. Os níveis de energia supostamente se intensificam conforme o elevador sobe pelos andares. Quando a energia está alta o suficiente, as portas do elevador se abrem para a DR.
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A popularidade do shifting e o escapismo moderno 

Parte da “renascença” do shifting é atribuída a adolescentes e jovens, que começaram a compartilhar suas histórias e desejos de mudar de realidades em suas redes sociais durante 2020. 

Em janeiro de 2020, após a OMS declarar o coronavírus uma emergência internacional de saúde pública, as pesquisas sobre o termo começaram a aumentar. Dados do Google indicam que “Mudança de Realidade” ou “Shifting Realities” era um termo de busca relativamente incomum até a declaração da organização, mas que aumentou logo depois dela.

Desde então, a hashtag pertinente #realityshifting no TikTok acumulou mais de 706 milhões de visualizações, enquanto #shiftingrealities acumulou mais de 1,8 bilhão de visualizações. 

Muitos especialistas acreditam que o tempo dessas pesquisas iluminam o motivo de muitos jovens quererem visitar mundos fictícios — como o universo de Harry Potter. 

“Há uma crise existencial tão grande que… as gerações mais jovens estão lidando, sem saber se nosso planeta vai existir para sustentar a vida humana e as gerações futuras. Então a pandemia de covid interrompeu os ritos de passagem da infância, juventude, jovens adultos, bem como a vida normal.

Então, não é surpreendente que as pessoas estejam tentando descobrir como lidar ou como talvez induzir para si mesmas uma ‘realidade’ que seja mais agradável”, explica Laura Rosser Kreiselmaier, uma psicoterapeuta holística de Nashville ao The Washington Post

Outras realidades?

Entre pandemias e o estado ambiental do planeta, muitos jovens começam a se preocupar cedo com o futuro, buscando, então, métodos para se distanciar do dia a dia. De fato, dados sobre a ecoansiedade apontam que mais jovens passam a desenvolver a condição diante do compartilhamento de informações sobre as mudanças climáticas. 

Portanto, faz sentido que busquem uma forma de escapismo da atualidade em realidades onde esses problemas não existem. 

Porém, vale ressaltar que Kreiselmaier também descreve a prática como “uma forma de auto-hipnose”. Ou seja, diferentemente do que descrito por quem pratica o shifting, essas pessoas não estão, realmente, viajando entre realidades, e sim escapando para um outro universo dentro de suas próprias mentes. 


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