Pesquisadores desenvolveram tecnologia capaz de de detectar a silicose em minutos através de testes de respiração
Silicose é uma doença pulmonar causada pela inalação de pequenas partículas de dióxido de silício — ou sílica, um tipo de mineral encontrado em rochas. A condição é o tipo de pneumoconiose mais prevalente no Brasil e no resto do mundo, principalmente em países em desenvolvimento, mas pode ser evitada.
Na maioria das vezes, a silicose é considerada uma doença ocupacional, sendo contraída principalmente por trabalhadores de mineração. Fora disso, a ocorrência da condição está praticamente restrita a condições geológicas e climáticas muito específicas e difíceis de controlar, mas que não são encontradas no Brasil.
No entanto, por ser ocupacional, acredita-se que pode ser erradicada.
Tipos de silicose
Existem três tipos de silicose, que correspondem ao tipo de exposição à sílica. São eles:
- Crônica. Acontece quando a exposição à poeira ocorre por mais de 10 anos. A quantidade de sílica na poeira também é um fator. Existem duas formas de silicose crônica, a simples e a fibrose maciça progressiva.
- Subaguda. Também conhecida como silicose acelerada, acontece em um período de tempo mais curto, como dois a cinco anos. Mesmo que o tempo seja mais curto, a exposição é mais pesada.
- Aguda. A silicose aguda ocorre a partir da exposição intensa a partículas compostas por uma grande porcentagem de sílica durante um período de tempo tão curto quanto vários meses.
Causas e fatores de risco
Na maioria das vezes, a silicose ocorre através da exposição ocupacional à partículas de sílica. Portanto, pessoas que trabalham nos seguintes setores estão particularmente em risco:
- Mineração e pedreiras;
- Construção, edificação e demolição;
- Trabalhos em pedra, incluindo fabricação de bancadas de pedra;
- Cerâmica, cerâmica e fabricação de vidro;
- Jateamento de areia;
- Trabalhos de fundição.
No Brasil, a Portaria 99/Out-2004 do Ministério do Trabalho e Emprego proibiu o uso de máquinas de jateamento de areia de qualquer tipo, em todo o país, a partir de janeiro de 2005. Essa decisão fez parte do Programa Nacional de Eliminação da Silicose (PNES), iniciado em 2002, cujo objetivo principal era desenvolver ações em quatro grandes frentes:
- Definição e implementação de legislação específica;
- Criação de um banco de dados nacional sobre exposição à sílica e silicose;
- Qualificação de recursos humanos e produção de material técnico-científico nacional de alta qualidade;
- Desenvolvimento de estudos e pesquisas específicas por ramo de atividade.
Sintomas e como a doença age no organismo
Quando a sílica cristalina entra no organismo as suas partículas danificam macrófagos alveolares. Esses macrófagos são parte do sistema imunológico e são a linha central de defesa do sistema respiratório.
Com o tempo, as partículas de pó de sílica podem causar inflamação pulmonar, o que leva à formação de nódulos pulmonares e cicatrizes nos pulmões, chamadas de fibrose pulmonar. Esse processo é progressivo, durando de 10 a 30 anos depois da primeira exposição.
Os três principais sintomas da condição são:
- Tosse persistente e que produz catarro;
- Inflamação;
- Fibrose — endurecimento e cicatrização do tecido pulmonar.
A partir da exposição, esses sinais e sintomas podem causar:
- Falta de ar (dispneia);
- Fadiga;
- Fraqueza;
- Perda de peso não intencional.
Sem o tratamento apropriado, os sintomas podem ficar mais severos. A condição pode ser fatal se os pulmões pararem de funcionar corretamente (insuficiência respiratória) ou se surgirem complicações graves.
Além disso, a condição também aumenta o risco de outras condições sérias e potencialmente fatais, incluindo:
- Tuberculose e outras infecções no peito;
- Hipertensão pulmonar;
- Insuficiência cardíaca;
- Artrite reumatoide;
- Doença renal;
- Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
- Câncer de pulmão;
- Bronquite crônica.
Diagnóstico da silicose
Normalmente, o diagnóstico da condição é feito através de exames de imagem em conjunto com a análise do histórico do paciente. No entanto, uma nova forma de diagnóstico foi desenvolvida.
Uma pesquisa publicada em 2025 no Journal of Breath Research forneceu os últimos resultados em um teste de bafômetro para detectar silicose alimentado por inteligência artificial. Ele não é invasivo e mede dezenas de moléculas para identificar silicose em apenas alguns minutos.
Na fase de testes, a tecnologia atingiu mais de 90% de precisão na diferenciação de pacientes com silicose de indivíduos saudáveis — um resultado melhor do que os testes tradicionais de função pulmonar.
“Embora nosso teste ainda não tenha sido testado em clínicas do mundo real, nossos resultados até agora sugerem que o teste respiratório pode se tornar uma ferramenta crucial na triagem de saúde no local de trabalho. A detecção precoce evitaria o sofrimento e a progressão da doença, além de reduzir os custos com assistência médica”, explicam os pesquisadores.
Tratamento
Embora não tenha cura, a silicose pode ser tratada. Sendo assim, o tratamento da condição foca no alívio dos sintomas e na melhora da qualidade de vida do paciente.
Alguns tratamentos incluem oxigenoterapia domiciliar de longa duração, medicamentos broncodilatadores e antibióticos. Em casos muito graves, o transplante de pulmão pode ser uma opção, embora haja requisitos de saúde rigorosos a serem cumpridos antes que isso seja considerado.