Entenda o que é sinestesia, como ela funciona e seus tipos
Sinestesia é uma condição neurológica que causa cruzamentos sensoriais, como sentir o gosto de cores. Uma pessoa com sinestesia pode ver cores ao ouvir música, ou sentir o gosto de texturas — descrevendo o gosto ácido, por exemplo, como “pontudo”. Porém, o fenômeno pode ser diferente para outras pessoas.
A palavra deriva do greco συναισθησία — συν significa “união” ou “junção” e αισθησία “sensação” — ou seja, significa a junção de planos sensoriais.
Como funciona?
O cérebro utiliza dos cinco sentidos — visão, audição, olfato, paladar e tato — para entender o que ocorre ao seu redor. Esse é um processo que ocorre através dos seguintes passos:
- Detecção: os sentidos captam algo que está acontecendo ao seu redor.
- Sinalização: os sentidos enviam sinais ao cérebro, descrevendo o acontecimento.
- Processamento: o cérebro recebe as informações e encaminham-nas para rotas específicas para que possam ser processadas e, finalmente, entendidas.
Porém, em pessoas com sinestesia, durante o processamento, as informações são encaminhadas para mais de uma rota, o que causa algo descrito como efeitos primários e secundários.
- Efeitos primários: o efeito principal, resultante da entrada sensorial. Por exemplo, ouvir sons e reconhecê-los como uma música.
- Efeitos secundários: pessoas com sinestesia possuem um efeito secundário, causando reações em outro sentido além do que foi estimulado. Um exemplo disso seria ver cores ao ouvir música.
O que causa sinestesia?
Especialistas não sabem quais as causas do fenômeno, mas acreditam que existem três principais tipos de sinestesia:
- Desenvolvimentista: pessoas com sinestesia desenvolvimentista são consideradas neurodivergentes. Ou seja, seus cérebros foram desenvolvidos e funcionam de uma maneira diferente das pessoas neurotípicas.
- Adquirida: desenvolvida após algum tipo de trauma envolvendo o cérebro. Especialistas suspeitam que esse tipo de sinestesia ocorre porque as conexões dentro do cérebro podem mudar e evoluir à medida que o cérebro se recupera de uma lesão.
- Induzida por drogas: substâncias alucinógenas podem, em alguns casos, causar sinestesia.
Ao todo, uma pessoa pode nascer com sinestesia ou desenvolvê-la durante a vida, tanto na infância como mais tarde.
Além disso, existem hipóteses que sugerem que ele seja mais comum em mulheres e pessoas canhotas.
Tipos e exemplos de sinestesia
Especialistas conseguem identificar ao menos 60 tipos de sinestesia. Porém, devido ao envolvimento de vários sentidos ao mesmo tempo, estima-se que existam pelo menos 150 dessas combinações.
Os tipos mais conhecidos incluem:
- Auditivo-tátil — sons fazem com que a pessoa sinta sensações baseadas no toque.
- Sinestesia da cor do dia — os dias da semana são associados a uma cor específica.
- Grafema-cor — ver diferentes símbolos, como números, em cores específicas.
- Audição-movimento — pessoas que têm sinestesia podem associar sons à visão de coisas em movimento.
- Tempo-espaço — pessoas “vêem” sequências com padrões ou formas específicas.
- Ticker-tape — transforma a fala em texto.
Como identificar
A condição é considerada rara — um estudo de 2006 propôs que ela pode ocorrer em 2 a 4% da população. Porém, se você acha que possui sinestesia, é possível identificá-la com algumas especificações, como:
- Não pode ser controlada: a resposta ao estímulo do sistema sensorial é espontâneo, ou seja, não pode ser controlado.
- É um processo interno: a maioria das respostas ocorrem internamente. Apenas alguns “sinestetas” veem cores fora da mente.
- Consistente: se uma pessoa com sinestesia associa a cor verde ao número 8, por exemplo, essa resposta sensorial continuará a mesma para sempre.
- É desenvolvida, na maioria das vezes, durante a infância: estudos com crianças “sinestetas” descobriram que ela se desenvolve com o tempo.
Diferente do que muitos pensam, a sinestesia não é uma doença ou condição de saúde. Porém, pode ser um sintoma de algumas condições relacionadas ao cérebro e, em alguns casos, afetar negativamente o bem-estar de um indivíduo.
Não existe um tratamento específico para essa condição. Mas, conversar com um profissional de saúde mental pode ajudá-lo a ver o valor que a sinestesia pode agregar à sua vida.