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Bruno Suguimoto Iwami explica como funciona sua patente, desenvolvida em parceria com outros dois professores, cujo objetivo final é verificar, por meio de um servidor, se o despejo de lixo foi feito de forma correta

Por Tulio Gonzaga em Jornal da USP | Bruno Suguimoto Iwami, pesquisador da Escola Politécnica da USP, explica sua patente Sistema de monitoramento de despejo de lixo e entulho, desenvolvida em parceria com os professores Jó Ueyama e Francisco Louzada Neto, ambos do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP e apoio da Agência USP de Inovação (Auspin).

“Estamos a uma parceria de colocá-lo no mercado”, anuncia Iwami. Ele relata que o grupo fez o desenvolvimento de cada componente do sistema: processamento de dados do GPS – do inglês Global Positioning System, sistema de navegação via satélite – funcionamento da antena de identificação, entre outros. “É um prato cheio para adicionarmos uma inteligência artificial no sistema”, afirma.

O descarte inadequado de resíduos

Segundo ele, a ideia da patente surgiu a partir de um diálogo com a Prefeitura Municipal de São Carlos sobre o monitoramento do despejo de lixo e entulho. Em 2022, o Brasil produziu 81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos, com cobertura de coleta de 93%. Estes dados são do Diagnóstico de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos do Brasil de 2022, captado pelo Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento do Ministério do Desenvolvimento Regional.

O descarte inadequado de lixo e entulho nas cidades brasileiras tem impactos na mobilidade, moradia e saneamento básico. “A proposta do projeto é de um sistema que identifica quando uma caçamba é coletada ou despejada e se está cheia ou vazia, então envia estas informações para um servidor”, conta Iwami. Assim, o sistema identifica o número de registro da caçamba, suas coordenadas, ocupação e horário de despejo, de modo a verificar se o despejo foi feito de forma correta.

De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2022, levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), quase 30 milhões de toneladas de resíduos coletados no Brasil tiveram destinação inadequada, como lixões e aterros controlados. O despejo de resíduos domiciliares e públicos não deveria ocorrer nesses espaços, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em 2010, e que estabelecia a extinção dos lixões e aterros irregulares.

Bruno Suguimoto Iwami – Foto: Arquivo Pessoal

Com o controle do local de coleta e despejo da caçamba, a tecnologia permite monitorar como está sendo feito o manejo dos resíduos e a distribuição geográfica das caçambas por meio de uma aplicação web. “Só precisa instalar o sistema nos caminhões de coleta e colar os adesivos identificadores nas caçambas. Depois disso, é tudo feito automaticamente”, aponta o pesquisador.

A promoção de políticas públicas de gestão adequada de resíduos sólidos urbanos no País, com o foco na geração, coleta e destinação desses materiais, é um fator-chave na aplicação da patente. “Acredito que em breve o sistema estará no mercado porque, em algumas cidades do Brasil, o monitoramento de caçambas está se tornando obrigatório e o nosso sistema prevê um baixo custo de produção”. Desde 2017, a Prefeitura Municipal de São Paulo adota o monitoramento eletrônico de caçambas pela garantia do descarte de lixo no destino correto.

A gestão de políticas públicas é importante para pensar a gestão dos resíduos sólidos – Foto: Reprodução/SEDEST do Paraná

A tecnologia por trás

Ele explica que a ideia da patente é sua aplicabilidade em quaisquer tipos de ambiente e cidade. Para isso, os desenvolvedores pensaram em um sistema de fácil modificação em componentes de conexão: “Trocar o módulo de telefonia por um módulo wi-fi seria bem fácil de ser feito para atender a uma cidade que possui sinal wi-fi por toda a sua extensão e com isso reduzir custo de dados móveis”, exemplifica.

Além disso, o sistema pode ser utilizado em variados números de veículos, de forma a atender, simultaneamente, pequenos municípios e metrópoles. Iwami comenta que o módulo instalado nos veículos abrange outras tecnologias para melhor uso do produto. “Pensamos em proteção à prova d’água para os dias de chuva e, no caso dos identificadores, usamos a mesma tecnologia de cobrança automática em pedágios, que é aquele conjunto de antena e adesivo que colamos nos carros”, ilustra.


Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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