Equipamento de baixo custo pode ajudar a fornecer água potável para regiões onde os recursos são escassos
A técnica de usar a energia do sol para evaporar e purificar a água é usada desde os tempos antigos. Os gregos já dominavam o processo, que tinha uma eficiência baixa e era muito demorado. Agora, um grupo de engenheiros da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, aprimorou a tecnologia para gerar água potável através da energia solar de modo rápido e eficiente. O equipamento é de baixo custo e pode ajudar a fornecer água potável para regiões onde os recursos são escassos.
Juntos, eles fundaram a start-up “Sunny Clean Water” (Água solar limpa, em tradução livre), que promete usar sua tecnologia de baixo custo para fornecer água potável em regiões do mundo onde os recursos são escassos ou em que aconteceram desastres naturais. A técnica consiste em dobrar um papel preto e mergulhá-lo em carbono em uma forma triangular, usando-o para absorver e vaporizar a água. Depois disso, o método usa a luz solar para gerar água limpa com eficiência. Os avanços da pesquisa foram descritos em um estudo publicado no começo deste mês na revista científica Advanced Science.
O pesquisador Qiaoqiang Gan, professor associado de engenharia elétrica na Universidade de Buffalo e um dos responsáveis pelo projeto, explica que a técnica desenvolvida por eles é capaz de produzir água potável em um ritmo bem melhor do que o que é teoricamente calculado quando se usa luz solar natural.
O mais comum ao usar energia solar para evaporar a água, explica Gan, é que parte dessa energia seja desperdiçada quando o calor é perdido para o ambiente circundante. “Isso torna o processo menos eficiente. Nosso sistema tem uma maneira de extrair calor do ambiente ao redor, o que nos permite alcançar uma eficiência quase perfeita”, diz.
Financiado pela National Science Foundation (Fundação Nacional de Ciência), o projeto foi uma colaboração entre a Universidade de Buffalo (UB), a Universidade Fudan na China e a Universidade de Wisconsin-Madison. Haomin Song e Youhai Liu, PhDs em engenharia elétrica na UB, foram os primeiros autores do estudo, que contou com um total de 14 pesquisadores, dentre eles o professor Qiaoqiang Gan.
Gan, Song e outros colegas lançaram a start-up Sunny Clean Water para levar a invenção até as pessoas que precisam dela. Com o apoio do programa NSF Small Business Innovation Research, a empresa está integrando o novo sistema de evaporação a um protótipo de aquecedor solar, ou seja, um purificador de água movido a energia solar.
Song conta que funcionários de governo ou organizações sem fins lucrativos que trabalham em zonas de risco sempre têm interesse em saber qual a quantidade de água potável que é possível gerar por dia. “Temos uma estratégia para aumentar o desempenho diário”, ele explica. “Com um aquecedor solar do tamanho de um mini-frigorífico, nossa estimativa é de que seja possível gerar de 10 a 20 litros de água limpa todos os dias.”
Saiba mais sobre o funcionamento da energia solar:
Veja também:
- Bateria para energia solar: o pulmão do sistema fotovoltaico
- Desmatamento encarece o preço da água limpa
- Novo material limpa água poluída e funciona como um ímã de toxinas
- África do Sul transforma neblina em água potável
- Sistema consegue capturar água presente nas névoas
- Dessalinização da água: do mar ao copo