O termo “slow design” vem do inglês e pode ser traduzido como “design lento”. O conceito se refere a uma filosofia mencionada pela primeira vez pelo designer Alastar Fuad-Luke em seus livros “The Slow Design Principles” e “Slow Design – a paradigm in Design philosophy?”. A ideia era trabalhar com um design sustentável, de produção mais lenta e cuidadosa.
Fuad-Luke se uniu a outra ativista da causa, Carolyn F. Strauss, para escrever mais a respeito em 2008, em seu livro “The Slow Design Principles – A New Interrogative and Reflexive Tool”. No mesmo ano, a designer Carolyn criou o SlowLab of Amsterdam, para desenvolver estudos sobre a viabilização de recursos para o slow design.
Para a pesquisadora, a missão do slow design era: “Promover a lentidão ou aquilo a que chamamos “slow design” como um catalisador positivo do bem-estar individual, sociocultural e ambiental…. A lentidão não se refere ao tempo que demora a fazer algo. Pelo contrário, descreve um estado de maior consciência, a responsabilidade pelas ações diárias e o potencial para um espectro mais rico de experiências para indivíduos e comunidades”.
Desta forma, é possível entender que a produção do slow design vai muito além do tempo alongado. Ela também tem a ver com a capacidade de pensar naquilo que está sendo produzido, dar oportunidade do cliente pensar se a compra é realmente essencial e avaliar a relação do objeto com o meio ambiente, depois que for descartado.
O conceito de slow design se assemelha ao de slow food, que surgiu um pouco antes e serviu de inspiração para Alastair. O objetivo se simplifica pela ação de tomar tempo em fazer as coisas direito, com responsabilidade e que permita tanto o designer, artesão e o cliente entenderem o uso do objeto e aproveitá-lo ao seu máximo.
O movimento do slow design incentiva a criação metódica, lógica e consciente, além do consumo responsável. Logo, o público não deve consumi-lo apenas por vontade consumista de acumular bens, mas sim para suprir uma necessidade por um longo período de tempo.
Carolyn Strauss e Alastair Fuad-Luke criaram os seis princípios do slow design em seus estudos, para eles a filosofia se resume a: revelação, expansão, reflexão, engajamento, participação e envolvimento.
O slow design utiliza materiais, espaços, experiências e processos que são esquecidos e deixados de lado durante o dia a dia, como um artefato para a criação. O manifesto de Fuad-Luke e Stauss pede para que as pessoas “pensem além da funcionalidade percepcionada, atributos físicos e tempo de vida, e considere as expressões reais e potenciais de um artefato”.
Esse princípio sugere que as pessoas devem considerar os aspectos de um objeto, ambiente ou experiência além da sua forma e estética. Em vez disso, prestar mais atenção na forma que os seres humanos interagem com os espaços e objetos.
Artefatos e espaços criados a partir do slow design geram contemplação e consumo reflexivo. Isso significa que os designers de produto questionam seus valores ecológicos, percentuais e emocionais, de forma que apenas materiais únicos podem apresentar. Os pesquisadores encorajam profissionais a criar com o bem-estar em mente, sempre focando na beleza efêmera que lembra o ser humano sobre sua existência curta.
Os processos do slow design são “abertos”, colaborativos e focados no compartilhamento e cooperação humana, sem esquecer da transparência de informações. Desta forma, a criação se mantém em um processo de evolução através do tempo. A sustentabilidade humana só é possível através do trabalho em comunidade.
O slow design permite que o cliente seja totalmente ativo dentro de seu processo de criação, criando um senso de convivência, troca social e responsabilidade dentro da comunidade. Assim, quando for procurar por um produto, o comprador vai investir naquilo que realmente o agrada e alcance suas necessidades, e que dificilmente vai ser descartado em pouco tempo.
O slow design reconhece que para obter experiências ricas, o processo deve passar por uma maturação dinâmica através do tempo. Isso significa que com o tempo, o trabalho do designer deve evoluir para encontrar melhores resultados e contribuir em maior porcentagem para a preservação e transformação da sociedade.
A artista e arquiteta do slow design, Ines Schertel, utiliza a lã da tosquia de suas ovelhas para produzir diversos tipos de produtos, desde roupas, bolsas até móveis. A artesã, que não sabia o que fazer com a matéria-prima depois de retirá-la dos animais, utilizou de uma técnica dos povos nômades da Ásia Central para a criação de produtos bem produzidos, pensados e que contribuem com a preservação do meio ambiente.
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