Concreto feito a partir de materiais reutilizados pode ser uma opção mais sustentável para o concreto convencional
A startup canadense Carbicrete está produzindo um tipo de concreto capaz de capturar carbono. Feito a partir de resíduos de aço, acredita-se que o produto da empresa pode ser o primeiro concreto “carbono negativo” do mundo.
O processo de confecção do concreto da Carbicrete é similar ao do concreto convencional, que é feito através da mistura de cimento e água. Porém, a substituição do cimento — que é responsável por cerca de 8% de todas as emissões de gases do efeito estufa do mundo — faz com que o produto seja substancialmente mais sustentável.
O que o torna diferente do concreto convencional, além do material usado, é o seu processo de curadoria.
Após ser despejado em moldes, o concreto é levado à uma câmara de absorção, onde CO2 é injetado no material e convertido em carbonato de cálcio estável. Esse processo ajuda a preencher os espaços vazios do concreto, formando uma estrutura densa e tornando-o mais resistente.
Chamado de “carbono negativo”, esse concreto se difere de materiais considerados carbono neutro, uma vez que utiliza o CO2 liberado de respiradouros industriais nas próprias câmaras de absorção.
“São emissões negativas. Estamos tirando o CO2 do sistema toda vez que fazemos um bloco de concreto.”, disse Chris Stern, CEO da empresa, ao portal Dezeen.
A curadoria é essencial para a tecnologia de captura de carbono do produto, que só pode ser usado na forma pré-moldada. Portanto, existem algumas limitações no seu uso na construção civil. Desse modo, a Carbicrete licencia sua tecnologia para fabricantes de concreto, que a implementam em suas fábricas, diminuindo o impacto ambiental de seus produtos.
De acordo com a empresa, se um fabricante de concreto convencional se adaptar à tecnologia, é possível abater e remover 20 mil toneladas de CO2 do ar, economizar 4.400 metros cúbicos de água e evitar a transferência de 33 mil toneladas de resíduos para aterros anualmente.
Além disso, o concreto da Carbicrete é mais resistente à compressão em até 30% e exibe melhor resistência ao congelamento/descongelamento do que o produto convencional.
O concreto convencional é considerado um dos “materiais mais destrutivos do planeta” e, depois da água, é a substância mais utilizada na Terra. Por isso, a necessidade para a criação de materiais mais sustentáveis é ampla.
Investidores concordam com a necessidade por alternativas ao concreto: a Climate Tech Fund II concebeu um investimento de 5 milhões de dólares americanos à Carbicrete com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento do produto.