Startup planta algas no deserto para remover CO2 da atmosfera

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A startup Brilliant Planet implementou um programa para a plantação de algas no deserto para retardar os efeitos do aquecimento global. O campo de plantio encontra-se no Deserto do Saara, em Marrocos — cerca de 480 quilômetros da cidade mais próxima — e tem como objetivo ajudar na remoção de dióxido de carbono da atmosfera. O projeto foi aprovado pelo governo local e seus idealizadores têm cinco anos para provar que a técnica funciona. 

Os especialistas responsáveis pelo desenvolvimento do projeto acreditam que ele é capaz de fixar tanto carbono quanto uma floresta tropical dependendo da sazonalidade. Contudo, enquanto uma árvore morta na floresta tropical é responsável pela devolução de 97% de carbono para a atmosfera, as algas conseguiriam sequestrar todo o valor, pois não se decompõem.  

O programa ainda está na fase de testes, porém, se expandido para mil acres, poderá ser responsável pela remoção de cerca de 40 mil toneladas de CO2 do ar por ano — o que é equivalente ao que é liberado na produção de 92 mil barris de petróleo. 

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Em possíveis expansões no futuro, especialistas acreditam que essa plantação poderá remover até duas gigatoneladas de CO2 do ar anualmente. 

A Brilliant Planet utiliza a água do mar próximo às suas instalações, uma vez que ela possui os nutrientes necessários para o crescimento das algas. As algas então são plantadas e, em um período que pode levar de 18 a 30 dias, colhidas. A água é devolvida ao oceano, o que também ajuda a reduzir a acidificação do mar local, e as plantas são secas e enterradas no deserto, onde serão responsáveis pelo armazenamento do carbono que foi absorvido durante o processo. Para evitar que as algas se decomponham e inviabilizem o processo, a empresa se certificou de enterrá-las em um local seco e salgado. 

Enquanto não é a primeira vez que empresas tentam plantar algas para ajudar contra os efeitos do aquecimento global, a Brilliant Planet tomou um caminho menos complicado. A empresa foi responsável pela recriação de um processo que já acontece naturalmente nos oceanos, mas em uma escala maior em vez de apostar no crescimento das plantas em biorreatores. 

Além disso, a companhia também conseguiu fazer com que o processo seja capaz de produzir algas durante todo o ano, em vez de sazonalmente, como ocorre na natureza — o que otimiza a capacidade de absorção de CO2 da atmosfera.

A remoção de CO2 da atmosfera é um dos planos para reverter os impactos das mudanças climáticas sugeridos pelo relatório do IPCC deste ano. O documento, além de evidenciar a possibilidade de agir contra a crise climática, reuniu diversos planos para que essa reversão seja possível, incluindo o investimento em fontes de energia renováveis. 

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O plano da Brilliant Planet ainda está em desenvolvimento, porém, seus representantes estão considerando vender créditos de carbono para empresas que têm meta de atingir zero emissões, ou tornar-se carbono negativo, como a Microsoft. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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