O empresário americano Russ George gerou polêmica ao tentar dar uma de cientista no último mês de julho. George teria jogado toneladas de sulfato de ferro no mar, em território canadense, como um experimento para seu megaprojeto de geoengenharia contra o aquecimento global.
A intenção do empresário era estimular a rápida proliferação do fitoplâncton em uma área de 10 mil km² no litoral da província da Columbia Britânica. Na teoria, os plânctons (foto acima) sequestrariam as moléculas de carbono presentes na atmosfera e se depositariam no fundo do oceano.
Polêmica
O método conhecido como fertilização oceânica está sendo estudado por muitos cientistas em diversas partes do planeta, porém, os experimentos são realizados em ambientes fechados e controlados de forma metódica para que não haja problemas. Não é à toa que o projeto de George tenha gerado tanto alvoroço após ser noticiado pelo jornal britânico The Guardian.
O experimento do americano chegou aos ouvidos de 200 lideres políticos, cientistas e estudiosos que estavam reunidos na Índia para o COP 11 da Biodiversidade, uma conferência da ONU que discute soluções para salvar diversas espécies de vida no planeta, que foi realizada também em julho. A notícia causou indignação entre os especialistas e outros grupos da sociedade civil, como advogados e ambientalistas, que consideraram o projeto uma “violação flagrante”.
Manipulação da natureza
A reação discriminatória tem explicação. A fertilização oceânica é parte de um conceito da geoengenharia que engloba meios da tecnologia para manipulação da natureza. A geoengenharia, de modo geral, bate de frente com muitas questões éticas e politicas a respeito dos efeitos colaterais da intervenção do homem nos diversos ecossistemas do planeta. Para por mais lenha na fogueira, o governo canadense está sendo acusado de ser cúmplice dos experimentos do empresário.
A deputada Elizabeth May foi a única entre seus pares que denunciou o caso no país, segundo a agência AFP. Filiada ao Partido Verde canadense, a deputada acusou o governo de seu país de deixar o projeto ocorrer. As autoridades negaram e prometeram iniciar uma investigação a respeito. Até agora, George não foi punido.
Consequências e reincidência
Ainda não é possível saber quais as consequências que a área utilizada por Russ pode sofrer, segundo declarações de cientistas ao The Guardian. Um dos possíveis efeitos é a alteração de teias alimentares e redução de oxigênio no fundo do mar, o que poderá ser perceptível apenas dentro de alguns anos.
Russ George já havia tentado colocar em prática seu projeto anteriormente. Ex-diretor executivo da Planktons Inc., ele utilizou a empresa para tentar despejar toneladas de pó de ferro no Oceano Pacífico (nas proximidades das Ilhas Galápagos), em 2007, para reduzir o dióxido de carbono. Na época, os governos espanhol e equatoriano vetaram a execução do experimento.
Imagem: Wikimedia Commons
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