Sumidouro de carbono é a denominação dada aos lugares, atividades ou processos em que as quantidades de carbono (CO2) absorvido são maiores do que as emissões. Quando ocorre o contrário e as emissões superam as absorções, os pesquisadores dizem que há uma fonte de carbono para a atmosfera. Se a liberação de dióxido de carbono é igual à retirada, o balanço de carbono é neutro.
Vale ressaltar que “sequestro de carbono” é a expressão utilizada para definir o processo de retirada de dióxido de carbono da atmosfera. Os principais sumidouros naturais de carbono são oceanos, florestas e solos. De acordo com estimativas, eles removem entre 9,5 e 11 Gt de emissões de dióxido de carbono da atmosfera por ano. Já as emissões de CO2 anuais globais desse mesmo gás atingiram 37,1 Gt em 2017, mais de três vezes maior que a captura dos sumidouros.
Com cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados de floresta preservada, a Amazônia sul-americana era considerada, até pouco tempo atrás, um dos principais sumidouros existentes. No entanto, estudos afirmam que, hoje em dia, ela emite mais dióxido de carbono do que absorve.
A concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera começou a aumentar no final do século XVIII, com o início da Revolução Industrial. Essa transição demandou a utilização de grandes quantidades de petróleo e carvão mineral como fontes de energia. Desde então, a concentração média desse gás vem aumentando e já excedeu as 400 partes por milhão em 2016.
Hoje, as principais fontes emissoras de dióxido de carbono na atmosfera são a queima de combustíveis fósseis, as atividades industriais e agropecuárias e os desmatamentos e queimadas.
Um estudo publicado na revista científica Nature Climate Change concluiu que as florestas do mundo sequestraram cerca de duas vezes mais dióxido de carbono do que emitiram entre 2001 e 2019. Em outras palavras, as florestas fornecem um “sumidouro de carbono” com uma absorção líquida de 7,6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano. Isso equivale a 1,5 vez mais carbono do que os Estados Unidos, segundo maior emissor do mundo, emitem anualmente.
Diferente de outros setores, onde o carbono faz uma viagem apenas de ida para a atmosfera, as florestas funcionam como uma via de mão dupla, absorvendo carbono enquanto crescem ou se mantêm (por meio da fotossíntese), e soltando quando degradadas ou desmatadas.
Florestas tropicais são de longe os ecossistemas mais importantes para mitigar as mudanças do clima. Coletivamente, elas sequestram mais carbono da atmosfera do que as florestas temperadas e boreais, mas elas estão enfrentando crescente desmatamento por conta da expansão agrícola no mundo. As três maiores florestas tropicais estão localizadas na Amazônia, Bacia do Rio Congo e Sudeste Asiático.
Outra parte significativa do sequestro de carbono ocorre de forma natural nos oceanos, que capturam carbono para manter os processos de calcificação de diversos organismos marinhos. O excesso de carbono na atmosfera, no entanto, desregula esse processo de absorção natural, causando acidificação dos oceanos.
A Amazônia está perdendo sua capacidade de retirar dióxido de carbono da atmosfera e de atuar como um freio ao processo de aquecimento global. Entre 2010 e 2017, a maior floresta tropical do planeta liberou anualmente, em média, algumas centenas de milhões de toneladas a mais de carbono do que retirou do ar e estocou em sua vegetação e solo.
Nesse período, o saldo do chamado balanço de carbono da Amazônia, a soma das emissões e das absorções de dióxido de carbono ocorridas no bioma, favoreceu a coluna das liberações. O resultado faz parte de um amplo estudo internacional coordenado por brasileiros apresentado no encontro da Sociedade Geofísica Americana (AGU) em São Francisco, na Califórnia.
“No período analisado, a Amazônia se comportou como uma fonte consistente de carbono”, diz a química Luciana Gatti, coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa (LaGEE), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), principal responsável pelas medições atmosféricas que embasam os resultados do trabalho.
“Se excluirmos do balanço os dados dos anos de grandes secas, como 2010, 2015 e 2016, o bioma se torna quase neutro, mas as emissões ainda superam ligeiramente as absorções de carbono.” Os anos de fortes estiagens sabidamente diminuem a capacidade de a floresta retirar dióxido de carbono da atmosfera. Assim, favorecendo um aumento significativo nas emissões desse gás.
O avanço das queimadas, que liberam diretamente para a atmosfera amazônica o carbono estocado na vegetação, e uma maior mortalidade de árvores decorrente de secas mais severas e prolongadas são apontados como os principais fatores que levaram a Amazônia a se tornar uma fonte de carbono nos oito anos analisados. Com menos vegetação por causa do desflorestamento ou com plantas menos saudáveis em razão da degradação florestal e das mudanças climáticas, as árvores fazem menos fotossíntese.
Preservar os meios naturais de sequestro de carbono é fundamental para evitar que a Terra entre em um “efeito estufa permanente“. Estudar e explorar tecnologias artificiais de captura e sequestro de carbono são outras formas que têm sido usadas para amenizar os impactos da poluição atmosférica sobre o meio ambiente.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais