Foto de Paul Einerhand na Unsplash
O Surströmming é um prato tradicional sueco feito a partir da fermentação de peças de arenque, uma pequena espécie de peixe encontrada nas águas do Mar Báltico.
A tradição de fermentação de peixes na Suécia pode ser datada há séculos, com evidências de práticas realizadas pela comunidade Viking. Historicamente, a fermentação foi utilizada no mundo inteiro como um método de conservação de alimentos. No entanto, acredita-se que o Surströmming, especificamente, não foi produzido por Vikings.
De fato, de acordo com o portal do Visit Sweden, o prato foi originado de uma escassez de sal que ocorreu na Suécia durante o século 16, precisamente na cidade costeira de Skellefteå.
Na Suécia, toda terceira quinta-feira do mês de agosto é conhecida como “dia do Surströmming”, marcando o início da “Temporada de Surströmming”. A temporada dura até o começo de setembro e é a melhor época do ano para encontrar o prato.
Pescadores e locais normalmente começam a pesca dos arenques durante abril e maio. Depois disso, começa o processo de fermentação.
Primeiro, os peixes são colocados em uma salmoura forte por pouco menos de um dia, que ajuda a remover todo o sangue dos animais. Em seguida, são decapitados e estripados e transferidos para outra salmoura.
A segunda salmoura é a mais importante do processo, que impede o apodrecimento do alimento enquanto a fermentação não ocorre. Os arenques são depositados em barris mantidos em temperaturas controladas, em torno de 15–20 °C, e depois, enlatados.
Enquanto está enlatado, o peixe entra em um processo chamado de lactofermentação, em que as bactérias naturais do animal quebram proteínas para a produção de ácido lático, que dá as características do Surströmming — um odor pungente, que foi descrito como uma mistura de ovos podres, amônia e manteiga rançosa. Além disso, a fermentação também muda a textura do peixe, que recebe características gelatinosas e mais macias que o normal.
Ao todo, o processo de fermentação dura pelo menos seis meses.
Inicialmente, o Surströmming era popular apenas em cidades costeiras entre a população de pescadores e fazendeiros locais. O alimento era usado como uma fonte de proteína durante o inverno, uma vez que possui uma vida útil longa.
Atualmente, o prato ainda é consumido por tradicionalistas suecos. Porém, com a sua popularidade nas mídias sociais, conhecido como o “alimento mais fedido do mundo”, também virou uma iguaria procurada por turistas e influenciadores, que participam do “desafio do Surströmming”.
O arenque fermentado é tipicamente aberto e consumido ao ar livre, por conta de seu forte odor e devido ao processo de fermentação que ainda está acontecendo no interior das latas de Surströmming. O gás acumulado pode fazer com que a salmoura espirre para fora da lata.
Ele é servido em um pedaço de pão amanteigado fino chamado tunnbröd, com batatas cozidas e cebolas roxas.
Muitos “desafios” do Surströmming viraram tendência na internet, impulsionando o consumo do prato típico sueco. Desde então, a iguaria é encontrada no “Disgusting Food Museum” (Museu de Comida Nojenta), na Suécia, que convida os visitantes a experimentarem diversos pratos incomuns do mundo todo.
“A primeira coisa que todo mundo nota é o cheiro. É poderoso, pungente e preenche a sala instantaneamente”, diz o diretor do museu, Andreas Ahrens, em entrevista à Forbes.
Embora o museu contenha diversos pratos, o Surströmming é o mais famoso entre os visitantes, responsável por cerca de metade das 100 pessoas que adoeceram fisicamente no museu.
“A maioria apenas cospe, incapaz de engolir”, explica Ahrens.
No entanto, embora a reação exagerada de muitos influenciadores, é importante notar o papel importante do Surströmming para a cultura sueca, contribuindo para a alimentação de diversas pessoas ao longo da história durante invernos perigosos. Apesar de não ser apreciado por muitos, ele ainda faz parte da cultura local e deve ser respeitado.
Confira o vídeo a seguir, em inglês, de norte-americanos experimentando o prato:
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