"Recusar promoções devido aos sintomas da menopausa ou desistir do mercado de trabalho representa uma perda econômica significativa"
Ondas de calor, oscilações de humor, e distúrbios do sono – sintomas comuns da menopausa – podem gerar impactos significativos na vida pessoal e na carreira das mulheres. Um estudo da Clínica Mayo revelou que 1 em cada 4 mulheres enfrenta problemas no trabalho devido a esses sintomas, resultando em faltas ou redução de produtividade. Extrapolando os dados para mulheres entre 45 e 60 anos nos EUA, estima-se que os custos da menopausa ignorada atingem a economia em 1,8 milhões de dólares anualmente.
“Recusar promoções devido aos sintomas da menopausa ou desistir do mercado de trabalho representa uma perda econômica significativa”, alerta Stephanie Faubion, diretora médica da Sociedade Norte-Americana de Menopausa. Considerando os custos médicos adicionais, estimativas indicam uma perda de 26 bilhões de dólares apenas nos EUA, conforme calculado por uma equipe liderada por Yale em 2015.
Embora a diminuição dos níveis de estrogênio seja reconhecida há um século como causa da menopausa, são os sintomas associados que impactam a vida das mulheres. Recentemente, cientistas têm buscado compreender a fisiologia por trás desses sintomas para desenvolver tratamentos eficazes.
Na década de 1980, a terapia hormonal da menopausa, envolvendo estrogênio e, por vezes, progesterona, surgiu como uma abordagem para aliviar sintomas como ondas de calor, distúrbios do sono e secura vaginal. A Sociedade Norte-Americana de Menopausa relata que até 75% das mulheres na perimenopausa experimentam ondas de calor, buscando ajuda médica para aliviar o desconforto.
O estudo, iniciado em 1996, acompanhou mulheres nos EUA por décadas, revelando insights sobre uma variedade de sintomas, desde problemas de memória até a saúde óssea. A pesquisa desmitificou crenças comuns, como a ideia de que manter relações sexuais é crucial para evitar dor durante o sexo na menopausa.
À medida que a biologia dos sintomas se torna mais clara, novos tratamentos surgem. Terapias cognitivo-comportamentais e antidepressivos aprovados pela FDA estão entre as opções. No entanto, apesar dos avanços, muitas mulheres ainda não recebem tratamento eficaz, destacando a necessidade de mais formação médica sobre a menopausa.
Monica Christmas, do Centro de Saúde Integrada da Mulher da Universidade de Chicago, ressalta: “Devemos às mulheres um compromisso com a exploração científica para entender com precisão a menopausa e seus tratamentos”. Ela faz parte do comitê diretor da Menopause Priority Setting Partnership, um esforço global para identificar as principais questões não respondidas na pesquisa sobre a menopausa. “Agora é hora da menopausa receber a atenção que merece”, conclui Christmas.
Fonte: Scientific American