Você já se perguntou se tatuagem aumenta a imunidade? Se sim, você não está sozinho. Afinal, ao receber uma tatuagem, o organismo reage como reagiria a qualquer outro corpo estranho ou patógeno — tentando combatê-la através de processos específicos.
A pele é a primeira barreira do sistema imunológico e, portanto, é repleta de células defensivas de ação rápida que podem entrar em ação quando são violadas, como no caso das tatuagens. Assim como uma vacina, a tatuagem “desafia” a imunidade e a proteção do corpo.
De fato, acredita-se que pessoas com tatuagens possuem níveis mais altos de moléculas imunes, incluindo anticorpos. No entanto, não se sabe ao certo se a tatuagem aumenta a imunidade ou diminui.
O processo de receber uma tatuagem envolve a perfuração da pele com uma ou mais agulhas. A agulha é responsável pelo transporte do pigmento da tinta, que é depositado na derme — o local ideal para que a tinta permaneça visível e não saia.
Quando a tinta é depositada na pele, o sistema imunológico libera células com o objetivo de destruir o material desconhecido. Uma dessas células é um tipo de glóbulo branco chamado de macrófago, que envolve a tinta e tenta quebrá-la com enzimas em um tamanho pequeno o suficiente para ser eliminada pelo sistema linfático do corpo.
No entanto, essas enzimas não são capazes de quebrar grandes depósitos de tinta, o que faz com que elas permaneçam envoltas pelos macrófagos, possibilitando a visualização da tatuagem.
Assim como todas as células no corpo humano, os macrófagos não duram para sempre. Portanto, assim que morrem, a tinta é novamente depositada na derme — o que cria um ciclo, em que novos macrófagos são liberados para encapsular a tinta.
Esse processo continua com o tempo, porém, a tinta vai diminuindo, o que permite sua remoção através do sistema linfático, resultando em uma tatuagem desbotada.
Para descobrir se uma tatuagem aumenta a imunidade, uma pesquisa de 2016 mediu a função imunológica usando a imunoglobulina secretora A (SIgA) e o cortisol presentes em 29 participantes para investigar a “hipótese de inoculação” da tatuagem. A hipótese sugere que a tatuagem inocula o sistema imunológico, induzindo maior proteção contra estressores que produzem danos aos tecidos moles. (1)
Toda a experiência da tatuagem foi medida através de uma média do número de tatuagens, horas totais tatuadas, número de anos desde a primeira tatuagem dos participantes, porcentagem do corpo coberto e número de sessões de tatuagem.
Assim, os pesquisadores descobriram uma relação entre a SIgA e o cortisol, observando que as pessoas com mais tatuagens demonstraram a menor supressão da SIgA. Por outro lado, pessoas sem tatuagens anteriores mostraram uma maior tensão em seu sistema imunológico, observada por uma queda maior em seu SIgA.
Ao todo, as informações reveladas pela pesquisa sugerem que o corpo se habitua aos efeitos da tatuagem cada vez mais durante o tempo. Por outro lado, é importante mencionar que as tatuagens de indivíduos com sistema imunológico forte possuem uma melhor cicatrização.
Um estudo publicado em 2022 conduziu experimentos em macrófagos com a pigmentação de diferentes tipos de tinta, comprovando que a pigmentação pode retardar a capacidade das células para agir contra intrusos. Porém, esse efeito é transitório e, enquanto muitos macrófagos estão agindo no “combate” à tatuagem, outros podem focar na defesa do corpo contra patógenos.
Além disso, pesquisadores da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos acreditam que fazer tatuagem pode resultar na melhora das respostas imunológicas. Foi descoberto que pessoas que têm tatuagens extensas parecem ter uma quantidade maior de células imunológicas, como anticorpos, no sangue. Então, concluíram que fazer tatuagens pode funcionar como um “treinamento” para o sistema imunológico.
“Se está ocorrendo uma adaptação na pele, é provável que seja uma adaptação a um estressor semelhante, então presumimos que se generalize para outros estressores dérmicos, mas não sabemos ao certo”, disse o Doutor Christopher Lynn, professor associado de antropologia na Universidade do Alabama.
Ao todo, acredita-se que a tatuagem tem uma influência na imunidade. Porém, ainda não se sabe exatamente se a tatuagem aumenta ou diminui a imunidade.
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