O tecido de cânhamo é um tecido produzido a partir das fibras da planta da espécie Cannabis sativa l. ou do cânhamo industrial. O cânhamo é um tipo de fibra liberiana, ou seja, uma das fibras vegetais que deriva do caule das plantas — assim como o linho.
Embora tenha ganhado popularidade nos últimos tempos pela sua sustentabilidade, o uso desse tecido foi descoberto em túmulos que datam de 8000 a.C. De fato, o cânhamo possui um histórico extenso, sendo cultivado por milhares de anos em quase todos os continentes. Além da produção de roupas, o tecido de cânhamo também foi comumente utilizado na produção de cordas e velas náuticas.
A textura é similar ao linho, podendo ser combinada com outras fibras vegetais, formando um tecido mais duradouro e resistente. É um tecido versátil, que também é utilizado para produzir outros tipos de tecido, como o jeans e a lona, de acordo com o Textile Exchange.
A maioria das plantas usadas na confecção do tecido de cânhamo são colhidas com uma máquina especial que permite o seu “repouso” por quatro a seis semanas. Esse período é essencial, uma vez que facilita a remoção de pectina das plantas através da exposição aos elementos.
As fibras são separadas a partir de um processo chamado de maceração e, então, são fiadas juntas para produzir um fio contínuo, desenvolvendo o tecido de cânhamo. Esse processo de cultivo e produção do tecido foi desenvolvido originalmente no começo dos anos 1900, e permaneceu sem muitas alterações por muito tempo.
Devido ao aumento de demanda do tecido, muitas empresas desenvolveram outros métodos de produção, incluindo processos químicos que, embora facilitam a produção do tecido de cânhamo, também são mais intensivos no meio ambiente.
Em geral, o cânhamo é uma planta densa e de rápido crescimento, podendo ser colhida até três vezes ao ano. Considerada muitas vezes uma erva-daninha, ele compete com outras plantas e sua plantação dispensa o uso de herbicidas. Além disso, o cânhamo naturalmente reduz a ocorrência de pestes agrícolas, o que também dispensa o uso de pesticidas.
A planta Cannabis sativa pode ser benéfica para o solo, devolvendo 60-70% dos nutrientes que retira do solo, além de contribuir para a captura de carbono. Similarmente, o seu uso de água também é mínimo, especialmente quando comparado ao do algodão. Acredita-se que o algodão usa até 50% mais água que o cânhamo.
O cânhamo requer uma quantidade relativamente pequena de terra para cultivar, e de acordo com o Guide to Sustainable Textiles, pode produzir até o dobro do rendimento de fibra por hectare do que o algodão.
A sustentabilidade do tecido de cânhamo é evidenciada por sua história. Sendo uma fibra produzida há milhares de anos, ela não conta com um histórico de grandes calamidades ecológicas. No entanto, nem toda produção suspende o uso de químicos, o que significa que ele nem sempre pode ser uma alternativa de fibra sustentável.
Isso deriva de um aumento de demanda do tecido, que impulsionou uma produção mais rápida e intensiva, podendo gerar impactos ambientais maiores.
Acredita-se que o cânhamo é uma das fibras orgânicas mais duradouras que existe, fazendo-a uma alternativa para a indústria têxtil. Dados da ScienceDirect, por exemplo, indicam que roupas de cânhamo podem ter o triplo da resistência à tração do algodão. Isso é evidenciado pelo uso histórico do tecido, que foi um dos componentes das velas de navios britânicos.
O tecido de cânhamo também é hipoalergênico e não causa irritação ou outras reações na pele. Adicionalmente, é um tecido leve, com um uso favorecido no verão na produção de roupas ou calçados frescos, e que protege a pele de raios UVs.
No entanto, acredita-se que a maior vantagem do tecido é sua sustentabilidade. Como já mencionado, o cânhamo é uma planta de fácil cultivo e que pode ser plantada ao redor do globo, embora prefira climas temperados ou tropicais.
Isso, em conjunto com a sua resistência à pragas agrícolas e um baixo consumo de água, faz com que as fibras de cânhamo tenham uma produção de baixo custo.
Por derivar de uma fibra natural, o tecido de cânhamo possui desvantagens que correspondem a sua origem. Como a maioria dos tecidos orgânicos, como o próprio algodão ou o linho, as roupas dessa matéria prima não são tratadas com os mesmos produtos químicos anti-rugas que as roupas sintéticas.
Em consequência, essas roupas são mais suscetíveis à amassados, que podem comprometer a qualidade do produto final.
Além disso, embora o cânhamo tenha uma produção consideravelmente barata, o custo do tecido de cânhamo é mais caro do que o de fibras sintéticas, uma vez que é uma alternativa orgânica e natural.
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