Tecido feito com sobras do abacaxi é nova alternativa para confecção de roupas, calçados e bolsas

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Durante a colheita do abacaxi, o fruto é aproveitado enquanto caule e folhas são deixados de lado. Um grande desperdício, segundo a designer espanhola Carmen Hijosa, que encontrou uma maneira de reaproveitar melhor os restos da planta. Carmen teve a ideia enquanto trabalhava na indústria do couro, como consultora no Centro de Desenvolvimento e Design das Filipinas, após ter visto as terríveis consequências que a indústria teve para trabalhadores do ramo e para o meio ambiente.

Após anos de pesquisa e desenvolvimento, Hijosa fundou a empresa Ananas Anam e patenteou sua invenção, o Piñatex.

Procedimento

As folhas que ficaram para trás após a colheita passam por um processo de descasque, que acontece na própria plantação, por parte da comunidade local. O subproduto do descasque pode ser usado como biogás ou fertilizante.

Na sequência, as fibras das cascas de abacaxi passam por um processo industrial que as transforma em um tecido não urdido (não enredado ou disposto como tecidos tradicionais). Ele fica com uma aparência bastante similar à da fibra piña, muito utilizada por filipinos para fabricar o Barong Tagalog, uma vestimenta formal da cultura local.

Segundo Hijosa, o couro está se tornando um luxo, com o aumento em seu preço devido à falta de animais para provê-lo. A espanhola ainda afirma que existe uma lacuna no mercado entre tecidos provenientes do petróleo e tecidos provenientes de couro animal. A ideia é encaixar o Piñatex nesse espaço vazio como um tecido orgânico. Ela não vê seu produto como uma substituição do couro sintético ou animal, mas como uma alternativa com uma forte base ecológica, já que a criação de gado é uma atividade nada sustentável.

Além disso, é importante ressaltar que o uso do termo “couro” sintético, como esse feito a partir da casca do abacaxi, não é correto de acordo com a Lei 4.888, de 1965.  A utilização do termo couro associado a produtos que não sejam obtidos exclusivamente de pele animal para a comercialização é proibida.

O novo tecido pode ter diferentes usos, como sapatos, bolsas, poltronas e até sofás, além de poder ser usado no interior de carros e aeronaves. O tecido é sustentável e, por ser feito a partir de restos da colheita, não é necessário água, terra, pesticidas ou fertilizantes a mais para sua produção. Um dos problemas ambientais encontrados foi a biomassa resultante do processo de descasque. No entanto, como já foi dito, ela pode ser convertida em fertilizantes orgânico ou biogás. A confecção do Piñatex também ajuda a comunidade produtora de abacaxi, que obtém renda extra com as fibras. O tecido pode ser pintado, impresso e tratado para que se assimile a outros materiais, como couro metálico, vinil e imitação de pele de cobra.

Para saber mais, acesse o site oficial.

Equipe eCycle

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