José Roberto Simões Moreira fala sobre as vantagens da CSP, que direciona raios solares para um único foco e permite que a energia térmica do sol seja armazenada em tanques, pelos quais passa água, gerando vapor e posteriormente energia elétrica
Por Jornal da USP – Diante de um cenário de mudanças climáticas, a busca por alternativas renováveis se torna essencial. A produção de energia via tecnologia aparece como boa opção. A energia heliotérmica, ou termossolar, por exemplo, usa o calor do sol para produzir eletricidade, se mostrando um recurso importante para o Brasil e para um mundo que busca uma transição energética para fontes mais sustentáveis.
A utilização da energia solar já tem sido historicamente aplicada no Brasil através da tecnologia de painéis fotovoltaicos. Neste outro caso, a concentrating solar power (CSP) inova ao concentrar raios solares em um foco. A energia térmica do sol é armazenada em tanques, pelos quais passa água, gerando vapor e posteriormente energia elétrica. Um parque de espelhos refletores faria possível, assim, a produção não só de energia elétrica como também de vapor de água.
O Chile pode ser considerado um caso de sucesso na implementação da CSP. O parque de refletores é localizado no deserto do Atacama. Assim, a tecnologia é beneficiada pela radiação direta de raios solares que essa região oferece. Essa característica acaba sendo decisiva para a implementação da CSP. No caso do Brasil, na parte continental central, em regiões do Nordeste, norte de Minas, Goiás e Tocantins, há essa oferta de radiação direta.
Para o professor José Roberto Simões Moreira, da Escola Politécnica da USP, a CSP tem vantagens sobre a tecnologia de painéis fotovoltaicos: “Se você tiver um bom projeto, você pode chegar a rendimentos superiores aos do fotovoltaico”, afirmou, ao se referir à conversão da energia térmica em elétrica. Além disso, o acúmulo de energia possibilitado pela concentração dos raios solares permite que a tecnologia trabalhe 24 horas por dia.
Com relação aos usos, a energia heliotérmica torna a matriz energética brasileira mais renovável, inclusive para ser usada em residências. “O Brasil tem esse grande potencial solar para fazer a transição energética”, relata Simões. Somando-se ao rendimento dos painéis fotovoltaicos e da geração de energia eólica, que já existem no Brasil, é possível enxergar um futuro de independência em relação a combustíveis fósseis.