Tecnologia monitora a qualidade do ar em tempo real

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Informações são especialmente úteis para pessoas com problemas respiratórios

Cientistas da Universidade da Califórnia, em San Diego, criaram uma nova maneira de monitorar a qualidade do ar, o CitiSense. Através de um sistema de pequenos sensores portáteis, as informações sobre o nível de poluição podem ser acessadas a qualquer momento em um smartphone ou pelo computador.

A ideia do projeto é gerar dados mais precisos e em maior quantidade do que há à disposição atualmente. Para isso, foram distribuidos sensores para 30 pessoas, como estudantes, pesquisadores e funcionários da universidade, que, pelo período de quatro semanas, coletaram dados sobre a poluiçao do ar na cidade. Um exemplo do problema do sistema atual usado pelos cientistas é o do condado de San Diego que, com 3,1 milhões de habitantes e quase 12.000 km², possui apenas 10 estações de monitoramento da qualidade do ar.

O pequeno aparelho é capaz de detectar os níveis de ozônio, monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio, os poluentes mais comuns encontrados nas fumaças de carros, caminhões e ônibus. Após computar os níveis, o índice de qualidade pode ser mostrado em tempo real na tela de qualquer smartphone.

Em campo

Os sensores se mostraram ferramentas extremamente educativas para seus usuários. Se muitos imaginavam que a poluição se difundia homogeneamente no ar, o que se aferiu com a experiência não comprovou essa hipótese. A poluição apresentou tendência à concentração em pontos específicos, como ao longo de vias principais ou cruzamentos, por exemplo. Aspecto interessante foi observado pelos usuários de bicicleta que testaram o experimento ao verificarem que a poluição, no mesmo trajeto poderia variar a depender do horário. Ou seja, a poluição se alterna entre locais e em horários diferentes. Outra aferição foi a de que aqueles cuja atitude mais se orientava à redução de emissões, como usuários de bicicletas e de ônibus, foram exatamente aqueles que incorreram na maior exposição à poluição.

Mesmo a consider-se o caráter de pesquisa do projeto, os hábitos dos pesquisadores já deram indícios dos efeitos e benefícios que a tecnologia pode conferir. Os usuários ciclistas notaram que o simples fato de alterar seus trajetos e desviar suas rotas para ruas de menor tráfego já se apresentava como uma forma de sensível redução à exposição aos poluentes. Usuários de ônibus passaram a evitar a espera pelo veículo perto dos canos de emissões, locais em que a qualidade do ar era mais baixa, algo que parece intuitivo, mas comportamento que se mostrou acentuado após a experiência da pesquisa.

Próximos passos

A tecnologia ainda apresenta evoluções importantes a serem incorridas, a exemplo do alto consumo de baterias incorrido nas trocas de dados entre os smartphones e os sensores ou mesmo o alto custo de cada um dos sensores, da ordem de US$ 1.000 por unidade. São evoluções necessárias, mas que fazem parte do processo natural de desenvolvimento tecnológico. A meta do projeto CitiSense é estruturar e estabelecer uma rede composta por centenas de pequenos sensores conduzidos pelo público e cuja troca de informações entre seus celulares e computadores centrais seja capaz de, preservando a privacidade de seus usuários, analisar e devolver à população, agências de saúde pública e comunidade em geral um panorama sobre as condições de poluição da região que habitam.

É uma iniciativa importante, não apenas para a criação de políticas específicas com relação a emissão de poluentes e à saúde pública, mas também para indivíduos que sofrem de problemas respiratórios crônicos, como asma, que precisam manter-se distantes da exposição a poluentes.

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