A fibra mineral extraída do amianto gera polêmica. O fato de ser cancerígena inviabiliza seu uso? Os produtos representam risco ao consumidor? E o meio ambiente? Como não poderia deixar de ser, as opiniões se dividem quando duas das principais fabricantes de telhas e caixas d’água (produtos que levam fibra de amianto como matéria-prima) do Brasil, Brasilit e Eternit, expõem seus posicionamentos.
De um lado, a Brasilit, com 75 anos de história no Brasil e vinculada à multinacional Saint-Gobain, abandonou o uso de amianto em seus produtos há dez anos, alegando motivos ambientais. De outro, a Eternit, também com mais de 70 anos de atuação em solo nacional, mas com a posição de manter o amianto como parte da matéria-prima de seus produtos, referendando-se na evolução da segurança nas mineradoras e nos locais de trabalho. A eCycle entrou em contato com as duas empresas e aponta abaixo as justificativas assinaladas por elas com relação ao uso ou à falta de amianto em seus produtos.
A assessoria de imprensa da Brasilit afirma que a empresa não utiliza a fibra de amianto desde 2001 devido à possibilidade de a mesma causar “inúmeros males à saúde, inclusive câncer”. Quando as primeiras discussões a respeito dos perigos do amianto começaram a ganhar força, a fabricante decidiu apostar em novas tecnologias para substituir a fibra de amianto.
Já a Eternit se ampara na legislação para justificar a manutenção do uso do mineral em seus produtos. “A fabricação de produtos que contenham amianto crisotila está prevista pela Lei Federal 9.055/95 e o decreto 2350/97, que determina e adota medidas rigorosas para o uso controlado e responsável da fibra, resultando na proteção efetiva da saúde dos trabalhadores. Desta forma, a empresa pratica o uso seguro do amianto crisotila em seu ambiente de trabalho, fazendo o monitoramento constante do ar”, afirma a assessoria da empresa, que ressalta o pouco contato humano na extração do mineral.
Como optou por trocar de matéria-prima, a Brasilit precisou desenvolver uma nova tecnologia para manter seus produtos no mercado, denominada CRFS (Cimento Reforçado de Fios Sintéticos), que usa fios de polipropileno como reforço da estrutura do fibrocimento. Assim, a empresa desenvolve um produto que mantém a durabilidade, mas sem riscos ao meio ambiente ou aos trabalhadores do ramo. A Brasilit tem uma planta fabril dedicada apenas à produção do CRFS (ver foto acima).
Nos produtos fabricados pela Eternit com fibrocimento, 10% da composição é feita com fibra de amianto, enquanto 80% é preenchida por cimento e o restante por materiais reaproveitados, como papel-jornal. De acordo com a empresa, o amianto não corre risco de se soltar do cimento e serem aspirados por consumidores devido à reações químicas que formam um amálgama entre as duas substâncias.
A Eternit afirma que o descarte de suas telhas é solicitado geralmente por obras em que há sobra de material, pois a alta durabilidade (70 anos) faz com que muitas telhas e caixas d’água ainda estejam em uso. A assessoria de imprensa da empresa afirma que “quem aplica o produto dificilmente o descarta em função da sua durabilidade”. No entanto, não há uma orientação ao consumidor que tiver, por algum motivo, sua telha ou caixa d’água danificados.
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