Temperaturas altas estão associadas ao aumento de pensamentos e comportamentos suicidas, aponta pesquisa

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Especialistas da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), em Sydney, Austrália, associaram temperaturas mais altas com o aumento de pensamentos e comportamentos suicidas em jovens em novo estudo.

Os pesquisadores examinaram 55 mil atendimentos no pronto-socorro por suicídio por pessoas de 12 a 24 anos em todo o estado de Nova Gales do Sul durante os meses mais quentes da Austrália entre 2012 e 2019. Quando compararam os dados com a temperatura média diária e ondas de calor, descobriram que as taxas de apresentação de suicídio dos jovens ao pronto-socorro eram significativamente mais elevadas nos dias mais quentes.

Além disso, observaram que essa relação era linear. Segundo os especialistas, para cada aumento de 1° C na temperatura média diária, as visitas ao pronto-socorro por jovens por pensamentos ou comportamento suicida aumentavam 1,3%.

No entanto, essa não é a primeira vez que esse tipo de comportamento é observado. 

De fato, pesquisas anteriores já mostraram que agressões e crimes violentos são mais documentados nos dias mais quentes e durante o verão. Semelhantemente, outros estudos comprovaram que as tendências de humor são mais negativas com o aumento da temperatura. 

Em relação às causas desses tipos de comportamento, os encarregados do novo estudo dizem que a desvantagem socioeconômica associada à habitação e utilização de ar condicionado são considerações relevantes.

“O acesso independente a espaços verdes, o resfriamento noturno com a brisa do mar e a qualidade da moradia são fatores importantes para determinar como as pessoas podem lidar com o calor. Precisaremos fazer mais pesquisas sobre esses possíveis fatores mediadores, mas isso não deve nos impedir de avançar e fazer mudanças sensatas que sabemos que funcionam de forma mais ampla para reduzir a exposição a temperaturas mais altas”, explica Dr. Iain Perkes, psiquiatra e professor sênior da Escola de Medicina Clínica da UNSW.

Perkes e seus colegas também afirmaram que a melhoria da qualidade da habitação e o acesso dos jovens a ambientes frescos em casa e na escola ajudariam a protegê-los melhor dos efeitos das temperaturas mais elevadas na saúde mental.

A influência do aquecimento global no fenômeno

Diante das descobertas da UNSW, um grupo de doutores da Doctors for the Environment Australia (DEA), apelou à eliminação progressiva urgente dos combustíveis fósseis. 

“Nossa pesquisa mostra que a saúde mental dos jovens australianos sofre com o calor, e sabemos que a poluição climática está contribuindo para o aumento de condições climáticas extremas, incluindo o calor. Para reduzir os danos à saúde mental relacionados ao calor para crianças e jovens e reduzir as apresentações ao pronto socorro, precisamos de uma transição urgente e rápida dos combustíveis fósseis para a energia limpa”, disse o porta-voz da DEA e co-autor do estudo, James Scott. 

Equipe eCycle

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