Qual é o sonho de consumo dos jovens atualmente? Se você respondeu carro, saiba que a geração nascida a partir dos anos 1980 possui outras prioridades. De acordo com alguns relatórios produzidos nos Estados Unidos e em países europeus, o número de jovens que possui carteira de habilitação está em declínio. Os fatores são dos mais diversos: o preço elevado dos combustíveis, os danos ambientais que estes causam ao meio ambiente, crises financeiras e a dificuldade de conversar com os amigos pela internet quando se está no volante, como aponta uma pesquisa realizada pela empresa Gartner, que revelou que 46% dos motoristas entre a idade de 18 a 24 prefere acessar a internet a ter um carro.
De acordo com um relatório divulgado pelo Federal Highway Administration (órgão americano que desempenha papel semelhante ao do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), sendo responsável pela manutenção, fiscalização e elaboração de estudos técnicos para a resolução de problemas referentes às estradas e rodovias americanas), 46,3% dos potenciais motoristas da idade entre 16 e 19 anos tinha carteira de motorista em 2008; em 1998 o porcentual era maior, 64,4%. O número de quilômetros rodados também desacelerou quando comparado ao ano de 1995, com um recuo de 12% em 2009, entre os motoristas da faixa etária de 21 a 30 anos. A mesma tendência verifica-se na Europa, onde as vendas de carros recuaram 8% em 2012, chegando ao pior patamar em 17 anos, e caíram mais 10% no primeiro trimestre de 2013. No Brasil não é diferente: uma pesquisa da consultoria Box 1824, especializada em comportamento, mostra que comprar um carro é prioridade para somente 3% dos jovens de 18 a 24 anos.
Esse cenário vem tirando o sono de diversas montadoras automobilísticas, como a General Motors, que pediu auxílio à MTV Scratch, unidade da gigante de mídia Viacom, que presta consultoria a marcas sobre o modo mais eficaz de se aproximarem de seus consumidores. Outras importantes montadoras também já se posicionaram sobre essa questão: algumas optaram por produzir carros mais compactos e com mais opções de cores; outras se uniram para aprimorar os veículos elétricos com célula de combustível, movidos pela eletricidade gerada via hidrogênio e oxigênio, e ainda existem as que apostam nos carros “inteligentes”, equipados com sensores e softwares, permitindo ao carro se autoguiar em situações de tráfego intenso, para conquistar mais clientes.
Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o Brasil está atrasado no que diz respeito a veículos elétricos, pois não há incentivo suficiente para o desenvolvimento desse tipo de veículo no país. De acordo com a mesma associação, circulam atualmente no mundo 3 milhões de carros elétricos, desses, 72 unidades rodam no Brasil – para efeito de comparação, a frota nacional de veículos é estimada em 42 milhões.
Mas também há sinais de mudança, como a criação de um grupo de trabalho para avaliar a implantação de uma fábrica de veículos elétricos no Rio de Janeiro; o surgimento do projeto Inovar-Auto – Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores, que tem como objetivo estimular o investimento na indústria automobilística nacional, por meio da inovação e da pesquisa, concedendo vantagem fiscal para os carros fabricados com acionamento híbrido ou elétrico, de preferência usando etanol como combustível; o maior investimento nos transportes públicos, como a expansão da rede metroviária em algumas cidades e o incentivo do uso de bicicletas, como a possibilidade de alugá-las em algumas estações de metrô, além da criação de ciclofaixas.
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